Actriz lendária do cinema soviético, consagrada em 1993 com o título de Artista do Povo da Rússia, Tatiana Samoilova faleceu a 4 de Maio, devido a problemas cardíacos — completava, nesse mesmo dia, 80 anos.
Apesar da sua aura mitológica, teve uma carreira relativamente escassa, de cerca de dezena e meia de filmes, quase todos produzidos nas décadas de 60/70. A sua personagem de Veronika [foto] em Quando Passam as Cegonhas (1957), drama da Segunda Guerra Mundial assinado por Mikhail Kalatozov, ocupa o centro da sua trajectória e, em boa verdade, da sua própria vida, tendo-a transformado em símbolo das heroínas do cinema soviétivo pós-Estaline; aliás, depois da sua consagração no Festival de Cannes de 1958 — Palma de Ouro + menção especial para Samoilova —, o filme [trailer original] teve um papel decisivo na reentrada da produção soviética nos grandes circuitos internacionais.
Nessa altura, Samoilova teve a possibilidade de trabalhar no estrangeiro, mas foi sistematicamente impedida pela burocracia estatal — a excepção foi a sua participação em Italiani Brava Gente (1964), de Giuseppe De Santis, uma coprodução italo-soviética; o papel central numa versão de Anna Karenina (1967), realizada por Aleksandr Zarkhi, viria a ser a sua composição de maior impacto.
Recebeu um prémio de carreira no Festival de Moscovo de 2007. De qualquer modo, os seus anos finais terão sido especialmente difíceis, sem qualquer apoio que correspondesse às honras que lhe foram atribuídas — como é referido no obituário do New York Times, esta questão foi levantada por alguns colegas no funeral de Samoilova, considerando que há vários artistas nacionais "cujo estatuto financeiro não reflecte o aplauso e as receitas que ganharam para o Estado soviético".
Recebeu um prémio de carreira no Festival de Moscovo de 2007. De qualquer modo, os seus anos finais terão sido especialmente difíceis, sem qualquer apoio que correspondesse às honras que lhe foram atribuídas — como é referido no obituário do New York Times, esta questão foi levantada por alguns colegas no funeral de Samoilova, considerando que há vários artistas nacionais "cujo estatuto financeiro não reflecte o aplauso e as receitas que ganharam para o Estado soviético".
>>> Obituário em The Moscow Times.