terça-feira, maio 27, 2014

Novas edições:
Royksopp & Robyn, Do It Again


Royksopp & Robyn 
“Do It Again”
Dog Triumph
3 / 5 

É um verdadeiro encontro de “estrelas” da pop e das eletrónicas made in Escandinávia. A acompanhar uma digressão conjunta, a sueca Robyn (que entre nós chegou a abrir um concerto de Madonna e tem assinado uma doscografia pop que tem merecido aclamação entre públicos indie) e os noruegueses Royksopp (uma das forças maiores da geração do seu país que ganhou visibilidade internacional na alvorada do século) acabam de apresentar um mini-álbum composto e gravado em modo de constante partilha de ideias entre ambos. Editado sob o título Do It Again, o disco – de apenas cinco temas, dois deles contudo com perto de dez minutos de duração cada – acaba por ser uma muito fiel expressão do que a soma das partes poderia desde logo sugerir, com espaço de surpresa maior no instante em que as almas de ambos realmente se diluem e geram um espaço de diálogo do qual emerge uma canção que bem que poderia ser o mote para um mais profundo trabalho a três (os Royksopp são um duo, acrescente-se). Trata-se de Monument, o tema de abertura do disco, uma longa composição em regime de placidez (que não chega contudo ao patamar do ambiental) na qual se reconhece a face texturalmente mais elaborada e cenicamente cuidada do som dos Royksopp (como nos mostraram, por exemplo, no álbum Junior) e sobre a qual a cantora sueca encontra paisagens diferente daquelas a que está habituada. Essas, por outro lado, estão evidentes no motor de luminosidade pop (eletrónica) dançável que brota do excelente tema título (candidato a ser um dos grandes hinos pop do ano), em tudo na linha de alguns dos seus temas como, por exemplo, o irrsistível Call You Girlfriend. O alinhamento apresenta ainda em Sayit um pouco imaginativo furacão para pista de dança, quase em flirt com heranças do techno, em Every Little Thing uma canção mid-tempo menos surpreendente (mas de produção tecnicamente muito competente) e, a fechar, nova incursão por paisagismos eletrónicos, que quase evocam memórias de um Jean Michel Jarre nos dias de Oxygene. Como experiência de diálogo é um disco que lança possibilidades aos músicos que envolve. E os temas que abrem e fecham o disco deixam claro que, nesse caminho, poderão ir bem mais longe se assim o desejarem.

PS. Este texto foi originalmente publicado na edição inline do DN