sábado, março 15, 2014

Um ano para mudar a fórmula 1?


Cinco campeões do mundo, três estreantes absolutos, novas especficações técnicas (entre as quais o regresso dos motores turbo) e resultados nos testes da pré-época onde não faltaram surpresas... Estes são alguns dos condimentos a ter em conta na hora da largada para mais um Campeonato do Mundo de Fórmula 1, num ano que poderá colocar um ponto final à hegemonia com que Sebastian Vettel e a Red Bull dominaram os quatro últimos anos da modalidade. Os motores Mercedes (que equipam a Mercedes, Williams, McLaren e Force India) são apontados como os favoritos. Lewis Hamilton (Mercedes) parte com a vantagem de ter a equipa de fábrica a seu favor. E depois de ter feito o melhor tempo nos últimos testes no Barém, Felipe Massa (que trocou a Ferrari pela Williams) é outro dos nomes a ter em conta no GP Austrália que decorre este fim-de semana.

Esta madrugada Lewis Hamilton a pole position e vincou mais ainda o favoritismo com que parte para a corrida. O piloto da Mercedes foi o mais rápido na sessão de qualificação que decorreu sob chuva. Ao seu lado parte Daniel Riccardo, naquela que é a sua primeira corrida na Red Bull. O terceiro lugar coube a Nico Rosberg (Mercedes), que fizera horas antes o melhor tempo no terceiro treino livre.

Os testes, que decorreram entre Jerez (Espanha) e o Barém nas últimas semanas deixaram clara a velocidade e fiabilidade dos Williams FW36 e dos Mercedes F1 W05 e reforçaram o favoritismo do motor alemão através dos tempos obtidos também pelos pilotos da Force India. Vettel e a Red Bull ficaram aquém do esperado. Apesar dos tempos obtidos no Barém (entre os sete mais rápidos) o novo Ferrari F1 4T levantou alguma apreensão, o mesmo se podendo dizer da Lotus, que pouco tempo teve para desenvolver o novo E22 nos testes e parte como uma das incógnitas maiores para esta primeira prova. Os termos nos treinos em Melburne mostraram melhorias de ambas as equipas. Mas Vettel parte aquém do esperado, no 12º lugar da grelha.


O regresso dos motores turbo (ausentes desde 1988) representam a mais evidente das várias mudanças técnicas que agora entram em vigor. Os “narizes” mais baixos (por razões de segurança), o sistema ERS (que aumenta a potência em períodos mais alargados), restrições na quantidade de combustível (que obrigarão a jogos táticos) e novas regras no peso mínimo são outras das mudanças que acrescentam elementos adicionais de potencial surpresa neste arranque de um novo campeonato. Muitas destas novas regras ganham forma no design dos monolugares, pelo que as primeiras corridas do ano serão também terreno para a descoberta e habituação às novas formas dos carros.

Uma das novidades mais evidentes deste ano revela-se na numeração dos carros, uma vez que cada piloto passa agora a usar um número fixo para toda a vida. Vettel, o campeão, parte com o número 1. Lewis Hamilton correrá com o 44, Bottas com o 77. A maior surpresa chega com o número 13, com o qual corre Pastor Maldonado (agora na Lotus). Nova é também a mais extensa lista de pilotos de que terão acesso aos testes de sexta-feira. Entre os nomes apresentados pelas várias equipas está o de Susie Wolff (Williams Mercedes), que será assim a primeira mulher a guiar um fórmula um em semana de prova desde que Giovanna Amati (Brabham-Judd) tentou a qualificação para o GP Brasil em 1992.

Olhando para os passaportes dos pilotos, assistimos a um domínio de europeus, sobretudo alemães (quatro), franceses e britânicos (três). Daniil Kvyat é o segundo russo a guiar na F1, o país estando este ano no calendário com o seu primeiro GP na história do Mundial de Condutores (houve corridas em 1913 e 14 em São Petesburgo, mas o Mundial de F1 só ganhou forma em 1950). São três os jovens pilotos que pela primeira vez alinharão num grande prémio. São eles o dinamarquês Kevin Magnussen (McLaren) de 21 anos, o já referido russo Daniil Kvyat (Toro Rosso) de 19 anos e o sueco Marcus Ericsson (Caterham) de 23 anos. Num outro pólo da experiência podemos lembrar que há cinco campeões a correr em 2014: Vettel, Hamilton, Button, Alonso e Raikkonen. Estes dois últimos correm pela Ferrari. Em 1953 a mesma escuderia alinhou também dois camoeões: Alberto Ascari (1952 e 53) e Giuseppe Farina (1950).

O histórico traçado de Zeltweg, na Áustria, onde a F1 não corria desde 2003 (o circuito era então aprtesentado como A-1 Ring). A grande novidade é a estreia do circuito de Sochi (GP Rússia), que será o terceiro mais extenso do mundial, depois de Spa e Silverstone. O hábito de correr de noite, sob luzes artificiais, ganhou lugar no mundial de Fórmula 1 com o GP Singapura. Em 2014 foi já revelado que o GP Barém também decorrerá durante a noite. As restantes 17 corridas do calendário serão disputadas à luz do dia.

Este texto é uma versão editada e atualizada de uma série de artigos originalmente publicados no DN.