Na morte de Alain Resnais, as suas imagens contam-nos a história, necessariamente condensada, de uma visão cinematográfica que, embora ancorada no classicismo, abriu portas para a mais frondosa modernidade.
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* O MEU TIO DA AMÉRICA (1980) — Maravilhas da pulsão documental: enquanto Gérard Depardieu e os outros protagonizam as agruras de uma existência seduzida pelo romance, mas carente de romanesco, o prof. Henri Laborit (1914-1995) vai dando conta das proezas da biologia comportamental, avançando com pensamentos e teses sobre os enigmáticos seres falantes. Nada melhor, portanto, do que recorrer aos ratos para dar conta dos nossos sobressaltos existenciais, incluindo a burlesca dialéctica da acção/inibição — no cinema de Resnais, tudo é humano, mesmo se o humanismo, hélas!, envolve esforços redobrados.