quarta-feira, março 05, 2014

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Rufus Wainwright Vibrate

Rufus Wainwright
“Vibrate”
Universal
4 / 5

Basta caminhar entre as opiniões que por aqui foram registadas ao longo dos anos sobre Rufus Wainwright para ficar claro que nele reconheço um dos mais talentosos e ímpares entre os cantautores do nosso tempo. A educação musical feita entre vivências folk e rock e um gosto pela ópera descoberto bem cedo lançaram bases para uma “voz” que juntou depois doses valentes de personalidade para em conjunto criar uma visão da canção como espaço que cruza tempos e referencias, a alma do autor e o timbre e as características interpretativas acabando por falar mais alto que as heranças e referencias que aqui e ali visita (e são muitas). Na hora de nos propor um primeiro best of (agora que passam 16 anos sobre a sua estreia a solo em nome próprio, Rufus Wainwright juntou-se a Neil Tennant (dos Pet Shop Boys) para selecionar as faixas que apresenta neste retrato feito até ao momento de uma obra em construção. Vibrate apresenta-se em duas versões distintas. A versão standard é uma coleção no clássico sentido “greatest hits”, recuperando os momentos dos seus vários álbuns de estúdio (assim como a versão de Hallelujah, de Leonard Cohen, que gravou para a banda sonora de Shrek) que conheceram maior exposição ou adesão. Não se trata de uma recolha de singles, já que na verdade não foram assim tantos e de fora do alinhamento ficaram até Rules and Regulations (do álbum Release The Stars) e Jericho (do último Out of The Game). E junta de novo Me and Liza, canção pop que tem Liza Minelli como personagem central e que nasceu do que terá sido algum desconforto que esta terá sentido quando Rufus recriou o mítico concerto da sua mãe (Judy Garland) no Carnegie Hall. É sempre fácil, perante uma seleção, apontar o que ficou de fora. E, convenhamos, cada um de nós faria a sua lista de canções (eu, por exemplo, nunca deixaria de fora, Agnus Dei, Matinee Idol ou Sanssouci). Vibrate ganha contudo um alargar de pontos de vista na versão Deluxe que junta um segundo disco com raridades, mais colaborações para o cinema (passando por filmes como Brokeback Mountain ou Moulin Rouge), registos ao vivo e um excerto de uma entrevista onde resume o que é ser cantor e como este trabalho o realiza. Numa altura em que o músico prepara nova ópera para estrear em 2018 e apresenta um novo registo ao vivo (Live From The Artist’s Den), Vibrate é um bom olhar sobre o que já aconteceu. E, convenhamos, mais acessível que House of Rufus, a caixa retrospetiva “integral” de 19 discos que lançou em 2011.