Segunda, 17 Fev. 2014, 19:00 - Grande Auditório
Foram duas deambulações a quatro, completadas por uma derivação em formato de quinteto. Dito de outro modo: o Quarteto Takács [formação húngara, sediada na Universidade do Colorado] trouxe à Fundação Gulbenkian um arco de composições do séc. XVIII ao séc. XX, isto é, de Wolfgang Amadeus Mozart (Quarteto para Cordas nº16, K. 428) a Leoš Janácek (Quarteto para Cordas nº1, Sonata a Kreutzer), passando pelas convulsões do séc. XIX, com Antonín Dvořák (Quinteto em Sol Maior, op. 77), neste caso contando com a colaboração de Marc Ramirez, da Orquestra Gulbenkian.
Resultado: uma viagem de sedutores contrastes, resumindo uma história, necessariamente complexa e agitada, em que o ensemble das cordas vai refazendo as suas funções internas de "acompanhamento" e "diálogo". Talvez por isso, o pivot do magnífico concerto terá sido a composição de Janácek, inspirada na novela Sonata a Kreutzer, de Tolstoi, que por sua vez tomou como referência a Sonata para Violino nº 9, op. 47 ["Kreutzer"], de Beethoven — dir-se-ia que fomos convidados a encontrar aí as matrizes de uma singularíssima dramaturgia cujas arestas expõem as contradições internas da sensibilidade humana, por certo começando por espelhar as contradições do seu próprio tempo histórico [1923].
>>> Registo sonoro do Quarto para Cordas nº1, de Leoš Janácek, pelo Quarteto Janácek [ano de gravação: 1966].