Inevitavelmente, a imagem do Papa Francisco na capa da Rolling Stone (edição com data de 13 de Fevereiro) suscita a expressão dos mais variados preconceitos... pró e contra, bem entendido. Apesar disso — ou precisamente por causa disso —, vale a pena ler o longo e detalhado artigo de Mark Binelli. Desde logo porque, num gesto de calculada ironia, o seu título, 'Pope Francis: The Times They Are A-Changin', coloca o líder da Igreja Católica sob o signo de um dos símbolos musicais das convulsões da década de 60. Mas sobretudo porque, contornando qualquer facilidade panfletária, Binelli faz um retrato de Francisco através de um elaborado inquérito, em Roma e nos bastidores da política americana, que permite perceber como o Papa escolhido há menos de um ano (13/03/2013) será, de uma maneira ou de outra, protagonista de um complexo processo de renovação e conservadorismo. O jornalismo é também essa arte de estar disponível para tentar compreender o papel dos grandes símbolos da humanidade — em todo o caso, o jornalismo enraizado na mais genuína cultura pop.