1º 2001, Odisseia no Espaço
de Stanley Kubrick (1968)
É difícil superar 2001: Odisseia no Espaço, sendo praticamente unânime apontá-lo como o melhor filme de ficção científica de todos os tempos. O perfecionismo, a visão e o poder na indústria de então de uma figura como Stanley Kubrick são apenas alguns dos muitos fatores que contribuíram para fazer deste filme um marco na história do cinema. Apesar dos mundos e fundos levantados para produções como Metropolis (nos anos 20) ou Forbidden Planet (nos anos 50), nunca antes uma produção desta envergadura tinha sido colocada ao serviço de um título do género. E só o claro investimento (técnico e artístico) permitiu a Kubrick um semelhante feito, ainda hoje sem par na história da relação da ficção científica com o cinema. Importante desde o inicio do projeto foi o entendimento e a capacidade de trabalho conjunto entre o realizador e o escritor Arthur C. Clarke, que, a partir de ideias de alguns contos seus, desenvolveu o argumento ao mesmo tempo que escrevia o livro. Literatura e cinema em diálogo, portanto.
Dividido em três partes, mais um epílogo, o filme trata no fundo da constatação de um primeiro encontro entre o homem e formas de inteligência extra-terrestre. Numa primeira sequência somos transportados para África, nos tempos da aurora da humanidade, num tempo em que um grupo de símios descobre a utilização de objetos como ferramenta (e arma). Já num futuro não muito distante rumamos depois à Lua, onde elementos da base americana encontraram um monólito (ali enterrado há quatro milhões de anos) que transmite um sinal para as imediações de Júpiter e é em tudo igual ao que vimos nas imagens da sequência de abertura. Na mais longa (e terceira) sequência acompanhamos uma missão a Júpiter que parte em busca do destino das emissões do monólito, mas aí a história desvia o seu foco de atenções para um espantoso ensaio sobre a relação do homem com a máquina.
Se o deslumbramento das imagens é um dos argumentos maiores em favor de 2001: Odisseia no Espaço (e convém aqui realçar o trabalho de efeitos visuais de Douglas Trumbull), a verdade é que, mesmo com um final intrigante e mesmo difícil de explicar, também a força narrativa e literária da história criada por Arthur C Clarke lança novas ideias, fazendo deste filme uma obra maior em todos os sentidos. A música – usando elementos de gravações de obras de Richard Strauss, Johann Strauss, Katchaturian e Ligeti – é outra das características mais marcantes do filme. De resto, é impossível ver 2001 sem, daí em diante, associar o Danúbio Azul de Strauss a uma bela dança sideral para nave e estação espacial em plena órbita terrestre.
2º Blade Runner
de Ridley Scott (1982)
O ponto de partida foi um conto de Philip K. Dick, no qual o escritor procurara, acima de tudo, refletir sobre o que é, afinal, um ser humano. Numa espécie de projeção para uma Los Angeles futurista do desejo de ser gente que animou Pinóquio, Ridley Scott apresentou em Blade Runner a história de um tempo em que o homem criou réplicas de si mesmo para que estas executassem os seus trabalhos, sobretudo em colónias planetárias exteriores. Seres inteligentes, que nascem contudo com um tempo de vida finito e cuja convivência com os espaços reservados aos humanos não é permitida, havendo uma força policial que se dedica a localizar os que tentam fugir. No filme acompanhamos um Blade Runner (assim se chamam esses agentes), na sua missão que prevê o abate de um grupo de 'replicants' que chegou à Terra (e que traz consigo, além do desejo de vida e humanidade, uma também tão humana sede de vingança contra quem assim os criou).
2º Blade Runner
de Ridley Scott (1982)
O ponto de partida foi um conto de Philip K. Dick, no qual o escritor procurara, acima de tudo, refletir sobre o que é, afinal, um ser humano. Numa espécie de projeção para uma Los Angeles futurista do desejo de ser gente que animou Pinóquio, Ridley Scott apresentou em Blade Runner a história de um tempo em que o homem criou réplicas de si mesmo para que estas executassem os seus trabalhos, sobretudo em colónias planetárias exteriores. Seres inteligentes, que nascem contudo com um tempo de vida finito e cuja convivência com os espaços reservados aos humanos não é permitida, havendo uma força policial que se dedica a localizar os que tentam fugir. No filme acompanhamos um Blade Runner (assim se chamam esses agentes), na sua missão que prevê o abate de um grupo de 'replicants' que chegou à Terra (e que traz consigo, além do desejo de vida e humanidade, uma também tão humana sede de vingança contra quem assim os criou).
O que fez de Blade Runner um clássico maior do cinema de ficção científica não foi apenas o fulgor de uma narrativa que mostra de facto marcas do melhor da literatura do género (afinal o conto onde se baseia é apenas de um dos melhores autores de sci-fi) ou os trabalhos de composição das personagens (destacando naturalmente a figura de Deckard trabalhara por Harrison Ford, mas também a do replicant criado por Rutger Hauer). A banda sonora, de Vangelis, sugere um futuro assombrado. Mas abre portas ao passado... (rumo, afinal, a algo a que a art direction acabou por definir para a cidade que ali vemos0).
A criação da visão desta Los Angeles do futuro é uma das peças fundamentais do filme. A cidade é lúgubre e chuvosa, eternamente movimentada mas no fundo profundamente solitária. Os edifícios evocam formas e tons que convocam memórias do film noir. Um filme projetado quarenta anos no futuro feito ao estilo de há quarenta anos atrás, como descreveu Scott Bukatman num livro sobre este filme. A visão de Ridley Scott, sobretudo pelo seu ritmo lento e caráter ambíguo na forma de apresentar o desfecho, gerou algum desconforto no estúdio e gerou a criação de uma versão “alternativa” para a estreia comercial. O tempo acabaria por eleger este como um filme de culto. E as suas várias versões estão todas elas hoje disponíveis em Blu Ray.