Este texto foi originalmente publicado na edição de 24 de dezembro do DN com o título 'Não há Natal que não traga novos discos e concertos'
Durante 11 anos a noite de dia 25 em Lisboa tinha uma voz garantida. Vestindo a pele do Legendary Tigerman, Paulo Furtado ocupava o palco na Galeria Zé dos Bois (ZBD) e a casa enchia para com ele partilhar um Natal com sabor a blues. O registo do derradeiro concerto da série que teve ponto final em 2011 surge agora em disco em Fuck Christmas, I’Ve Got The Blues, registo ao vivo onde surgem temas como Walking Downtown, Naked Blues, No More My Lord e o tema que dá título ao disco, que encerrou essa última noite.
Paulo Furtado não acredita que essa tenha sido mesmo a última noite de Natal com o Legendary Tigerman. “Tenho a certeza absoluta que um dia voltarei a fazer esses concertos, sempre foram muito especiais para mim”, explica, acrescentando: “Digamos que estou a criar saudades”.
As noites de Natal que protagonizou na ZDB fizeram história e encetaram hábitos que agora conhecem descendência. Hoje Lula Pena estará na ZDB, Fast Eddie Nelson no Sabotage e os Pop Dell’ Arte no Music Box. Todos eles em Lisboa.
Curiosamente, Paulo Furtado não tinha antes qualquer relação particular com o Natal e as canções habitualmente ligadas a esta quadra. “Na realidade, nunca gostei de canções de Natal, a maior parte causava-me (e ainda causa) algum asco”, reconhece. “A ideia de tocar no Natal era exactamente a de criar um movimento contrário ao tradicional”, justifica e, nesse aspecto explica “que o que se passou na ZDB criou espaço para isso acontecer”. Dos dias de infância Paulo Furtado não tem recordações “de nenhuma canção específica” da quadra. “Talvez a minha preferida fosse a do spot d’a minha agenda!”, graceja. “Acho que tive Natais felizes na infância, talvez não tenham sido musicais”, conclui.
David Fonseca, que nos últimos anos tem apresentado regularmente uma versão de uma canção de Natal que acompanha com um teledisco para partilha na internet, não teve uma relação muito diferente com este mesmo universo. “A primeira canção de Natal que me lembro chama-se O Relógio do Avôzinho (julgo ser esse o seu nome), talvez porque a tenha cantado acappella em frente à minha turma na 4ª classe na festa natalícia da altura. E ainda hoje sei a letra de cor”, recorda. Mas tal como Paulo Furtado confessa que nunca tomou “especial atenção às canções da quadra”, o que não o impede de hoje gostar “da ideia da canção temática, seja pelo Natal ou por outra ocasião qualquer”.
O hábito de gravar uma canção de Natal a cada novo ano “começou como uma brincadeira simples”, recorda. “Em 2005, o YouTube ainda estava em fase inicial e não era muito fácil colocar vídeos online. Resolvi lançar um tema de natal exclusivo para a minha mailing list num servidor nosso e a resposta foi incrível. Tinha sido divertido de fazer e por isso resolvi repetir no ano seguinte. Sem dar bem por isso, tornou-se uma tradição para mim e para quem segue a minha actividade musical online”.
Nesse ano apresentou uma versão de Silent Night. Seguiram-se Little Drummer Boy (2006), Amazing Grace (2007), O Come All Ye Faithful /(2008), Last Christmas (sim, o dos Wham!, em 2009), All I Want For Christmas Is You (originalmente criado por Mariah Carey, em 2011) e Happy Xmas (War Is Over) (um single histórico de John Lennon, em 2012. Este ano apresentou Do They Know It’s Christmas?, canção que serviu uma campanha de beneficência do coletivo Band Aid, em 1984. “Fazer uma versão todos os anos acaba por ser um desafio difícil e equaciono sempre umas cinco ou seis canções”, explica. Este ano “venceu o clássico Do They Know It’s Christmas? por ser um dos temas natalícios mais emocionantes de sempre e por ir de encontro ao meu estado de espírito do momento”. Estas versões, diz, “são sempre muito improvisadas”, pelo que tenta “que elas possam encontrar-se” com o seu universo musical “sem ter de forçar muito essa transformação”, pois só assim poderão funcionar na sua voz.
Editar estas canções em disco? Não é projeto em cima da mesa. “Quando comecei a fazer estas versões, nunca pensei que fosse continuar a fazê-las por tanto tempo, por isso nunca considerei fazê-lo”. David Fonseca faz questão em realçar “que estas versões apoiam-se muito no suporte vídeo”, e que “não foram idealizadas como canções sem suporte visual”. Mas nunca se sabe, admite: “ainda faltam uns anos para fazer uma colecção editável”. Fica a ideia...
O mapa dos lançamentos discográficos inclui O Teu Natal, um novo single de Miguel Ângelo apresentado numa edição limitada em vinil e que prenuncia algo mais no futuro: “a relação com o Natal não irá ficar por aqui…”, diz o cantor na nota de impresna que acompanha o disco. Entre os escaparates das novidades surge este ano uma multidão de títulos. Entre eles exemplos como Snow Globe dos Erasure, Christmas Soli de John Fahey ou Let It Snow de Albrecht Mayer e os The King’s Singers.
Curiosamente, Paulo Furtado não tinha antes qualquer relação particular com o Natal e as canções habitualmente ligadas a esta quadra. “Na realidade, nunca gostei de canções de Natal, a maior parte causava-me (e ainda causa) algum asco”, reconhece. “A ideia de tocar no Natal era exactamente a de criar um movimento contrário ao tradicional”, justifica e, nesse aspecto explica “que o que se passou na ZDB criou espaço para isso acontecer”. Dos dias de infância Paulo Furtado não tem recordações “de nenhuma canção específica” da quadra. “Talvez a minha preferida fosse a do spot d’a minha agenda!”, graceja. “Acho que tive Natais felizes na infância, talvez não tenham sido musicais”, conclui.
David Fonseca, que nos últimos anos tem apresentado regularmente uma versão de uma canção de Natal que acompanha com um teledisco para partilha na internet, não teve uma relação muito diferente com este mesmo universo. “A primeira canção de Natal que me lembro chama-se O Relógio do Avôzinho (julgo ser esse o seu nome), talvez porque a tenha cantado acappella em frente à minha turma na 4ª classe na festa natalícia da altura. E ainda hoje sei a letra de cor”, recorda. Mas tal como Paulo Furtado confessa que nunca tomou “especial atenção às canções da quadra”, o que não o impede de hoje gostar “da ideia da canção temática, seja pelo Natal ou por outra ocasião qualquer”.
O hábito de gravar uma canção de Natal a cada novo ano “começou como uma brincadeira simples”, recorda. “Em 2005, o YouTube ainda estava em fase inicial e não era muito fácil colocar vídeos online. Resolvi lançar um tema de natal exclusivo para a minha mailing list num servidor nosso e a resposta foi incrível. Tinha sido divertido de fazer e por isso resolvi repetir no ano seguinte. Sem dar bem por isso, tornou-se uma tradição para mim e para quem segue a minha actividade musical online”.
Nesse ano apresentou uma versão de Silent Night. Seguiram-se Little Drummer Boy (2006), Amazing Grace (2007), O Come All Ye Faithful /(2008), Last Christmas (sim, o dos Wham!, em 2009), All I Want For Christmas Is You (originalmente criado por Mariah Carey, em 2011) e Happy Xmas (War Is Over) (um single histórico de John Lennon, em 2012. Este ano apresentou Do They Know It’s Christmas?, canção que serviu uma campanha de beneficência do coletivo Band Aid, em 1984. “Fazer uma versão todos os anos acaba por ser um desafio difícil e equaciono sempre umas cinco ou seis canções”, explica. Este ano “venceu o clássico Do They Know It’s Christmas? por ser um dos temas natalícios mais emocionantes de sempre e por ir de encontro ao meu estado de espírito do momento”. Estas versões, diz, “são sempre muito improvisadas”, pelo que tenta “que elas possam encontrar-se” com o seu universo musical “sem ter de forçar muito essa transformação”, pois só assim poderão funcionar na sua voz.
Editar estas canções em disco? Não é projeto em cima da mesa. “Quando comecei a fazer estas versões, nunca pensei que fosse continuar a fazê-las por tanto tempo, por isso nunca considerei fazê-lo”. David Fonseca faz questão em realçar “que estas versões apoiam-se muito no suporte vídeo”, e que “não foram idealizadas como canções sem suporte visual”. Mas nunca se sabe, admite: “ainda faltam uns anos para fazer uma colecção editável”. Fica a ideia...
O mapa dos lançamentos discográficos inclui O Teu Natal, um novo single de Miguel Ângelo apresentado numa edição limitada em vinil e que prenuncia algo mais no futuro: “a relação com o Natal não irá ficar por aqui…”, diz o cantor na nota de impresna que acompanha o disco. Entre os escaparates das novidades surge este ano uma multidão de títulos. Entre eles exemplos como Snow Globe dos Erasure, Christmas Soli de John Fahey ou Let It Snow de Albrecht Mayer e os The King’s Singers.