John Foxx and The Belbury Circle
“Empty Avenues”
Ghost Box
4 / 5
Conhecemo-lo na segunda metade dos anos
70 como vocalista da formação original dos Ultravox. Após três
discos com mais reconhecimento crítico que popular, afastou-se para
seguir um caminho a solo, encetando nova vida em nome próprio em
Metamatic, álbum de 1980 que afirmava uma evidente opção sua pelo
trabalho com eletrónicas. Manteve-se ativo até meados da década,
afastou-se para dar espaço a um tempo de relacionamento mais próximo
com o cinema e as artes visuais. E regressou à música nos anos 90,
de então para cá tendo desenvolvido uma obra novamente focada nas
eletrónicas, em parte dos títulos talhando uma colaboração
recorrente com Ben Edwards, editando aí sob a designação John Foxx
and The Mats. Este seu novo EP na verdade parte de uma outra
colaboração. Lançado sob o nome John Foxx And The Belbury Circle,
o disco resulta de uma reunião com Jim Jupp e Jon Brooks, ambos
interessados nas heranças da música criada para filmes
institucionais nos anos 70 e 80 e com carreiras feitas respetivamente
sob as designações Belbury Poly e The Advisory Circle, Brooks sendo
ainda o responsável da editora Ghost Box (pela qual o disco é
editado). Empty Avenues é uma breve coleção de cinco canções
(mais uma remistura) que recuperam o sentido clássico da canção
pop feita com eletrónicas, a presença da voz marcante de John Foxx
assinalando ligações evidentes a espaços mais remotos na sua obra,
num esforço assim distinto do que tem sido parte da obra apresentada
na sua discografia mais recente. São canções marcadas pela
nostalgia, feitas de uma placidez urbana marcada por sonoridades
vintage que vincam a presença dos teclados analógicos convocados ao
trabalho. Apesar de editado em 2013, este pequeno lote de canções
sugere uma viagem no tempo ao encontro de formas e sons que evocam os
primórdios do relacionamento da canção com as eletrónicas. Não
tem a carga transformadora que escutávamos num Moon Safari (dos Air)
que cruzava ecos dos setentas com a demanda de músicos de um
outro tempo. Aqui temos antes nomes mais experientes a operar em
terrenos das suas próprias memórias, Estão em casa. Propõem uma
janela no tempo, a música sendo o veículo que une o tempo da
criação ao dos registos e das formas convocadas. E a verdade é que
esta é mesmo uma bela coleção de canções.