Cut Copy
“Free Your Mind”
Modular / Edel
3 / 5
Foram um dos nomes de proa de uma geração pop/rock chegada do outro lado do mundo na alvorada do milénio (que parecia ter nos Presets o nome com maior potencial para ir longe... o que não aconteceu). Naturais de Melbourne (Austrália), os Cut Copy presentaram-se em 2004 com o agradável Bright Like Neon Love, onde afirmavam uma filiação junto de heranças dos oitentas, afinal nada que não estivesse a acontecer igualmente deste lado do mundo, entre ambas as margens do Atlântico. Quatro anos depois In Ghost Colours polia e afinava ideias em comprimento de onda pop, vincando a presença de uma alma mais solarenga que a revelada na estreia e expressando sinais de um interesse maior pela música de dança que o sucessor Zonoscope (2011) também explorou em regime não muito distante. Ao quarto álbum o grupo resolve agora optar mais claramente por este caminho de relacionamento mais franco com a música de dança, tomando como farol ecos de memórias da club scene de finais de 80 e inícios de 90, nomeadamente a house (e em muito concreto sonoridades e formas características do acid house e da deep house). Sem perder as marcas de identidade pop que eram já evidentes nos três discos anteriores do grupo, os Cut Copy fazem de Free Your Mind um herdeiro natural de um single marcante como o foi o clássico Don't Fight It Feel It (1991) dos Primal Scream ou, mais ainda, do belíssimo álbum Happiness (1990) dos Beloved (com a diferença desses discos terem estabelecido as pontes entre várias formas e derivações da house com a canção pop no momento em que essas linguagans da música de dança emergiam no mainstream e de este ser, mais de 20 anos depois, um espaço de reencontro com esse mesmo passado). Free Your Mind não faz pelo legado da deep house (e de ocasionais derivações ao acid house) o mesmo que escutámos no marcante álbum que os Disclosure editaram este ano. Há aqui uma maior carga de nostalgia e revisitação que de procura de caminhos com mais evidente sabor a um presente que quer olhar em frente. Dão pena os episódios desfocados (e inconsequentes) talhados sob alma indie pop à la noventas que em alguns momentos do alinhamento (como em Dark Comes Mountain Tops ou Walking The Sky) interrompem o fluxo house que, vivesse de fio a pavio, teria feito deste um álbum mais coeso.