sexta-feira, novembro 08, 2013

Reedições:
Bananarama, Bananarama

Banarama 
“Banarama” 
London Records 
3 / 5

Autoras de uma mão cheia de hinos pop que ajudaram a escrever a história mainstream dos oitentas, as Banarama começaram contudo por dar primeiros passos mais próximos de terrenos mais “alternativos”. Formadas em finais dos anos 70 por três antigas colegas de escola animadas pela abertura de horizontes que a revolução punk havia colocado em cena, começaram por chamar atenções ao contribuir para os coros ou a surgir como participações especiais em concertos dos The Jam, Iggy Pop ou Monochrome Set. Viviam sob a sala de ensaio dos Sex Pistols e foi com a ajuda de músicos da banda que gravaram a maquete de Aie a Mwana, canção em swahili que acabaria por ser o seu single de estreia. Apadrinhadas pelos Fun Boy Three, que nasciam da cisão dos The Specials, ganharam então primeiros momentos de visibilidade maior que o álbum de estreia Deep Sea Skiving, editado em 1983 aprofundaria. Disco que cruzava uma certa dose de maresia tropical com os espaços da canção pop, este foi o melhor dos discos da obra das Bananarama, uma pérola algo esquecida (porque ofuscada) pelo brilho mais polido de criações posteriores, nomeadamente os êxitos pop que as projetaram globalmente depois do impacte da sua versão de Venus, editada em 1986. Lançado em 1984, Bananarama foi o seu segundo disco de originais e, de certa forma, uma ponte de transição entre o clima mais despreocupado (e mais inspirado) de Deep Sea Skiving e as opções de escrita e produção mais arrumadas e refletidas de gravações posteriores (o que não significa que não tenham conhecido ocasionais momentos interessantes no período posterior a 86). Banarama mantém a mesma equipa de produção mas, e como desde logo a capa sugere, é um disco mais penteado e maquilhado. As canções, refletindo por um lado as marcas naturais das linhas de produção da época, não procuram também escapar aos sabores que a pop então experimentava, as suas mais evidentes marcas de personalidade decorrendo mesmo dos jogos entre as três vocalistas. Tematicamente o disco procurou explorar temas menos ligeiros, refletindo sobre a o clima de instabilidade política e social na Irlanda em Rough Justice, o consumo de drogas em Hot Line To Heaven ou a violência doméstica em King Of The Jungle. Ao colocar o tema Cruel Summer na banda sonora de Karate Kid, o disco conheceu um cartão de visita eficaz, sendo que caberia depois a Robert de Niro is Waiting, segundo single extraído do alinhamento do álbum, o seu maior êxito (que só mesmo Venus suplantaria dois anos depois). A nova edição, integrada numa campanha de reedições da obra em álbum das Bananarama, acrescenta ao alinhamento um disco de extras com versões máxi e lados B, assim como um DVD com telediscos e imagens de atuações na época.