Poucas vezes o cinema e a literatura de ficção científica souberam andar de mãos dadas. Se ao longo da história da sétima arte podemos encontrar exemplos maiores de adaptações inspiradas e muito pessoais em casos como Things To Come de William Cameron Menzies (a partir de The Shape of Things To Come, de H. G. Wells), Solaris de Andrei Tarkovsky (com ponto de partida no romance homónimo de Stanislaw Lem) ou Blade Runner de Ridley Scott (que nasceu do conto Do Androids Dream Of Electric Sheep?, de Philip K. Dick), em 2001: Odisseia no Espaço encontramos um raro caso de criação conjunta entre um realizador e um escritor. Arthur C. Clarke trabalhou diretamente com Stanley Kubrick o desenvolvimento do argumento, o livro nascendo assim ao mesmo tempo que o filme ia ganhando forma.
Na verdade há havia palavras antes das primeiras imagens serem sequer imaginadas. A ideia base para 2001 surge num conto que Arthur C. Clarke escrevera em 1948 e que fora originalmente publicada numa pulp magazine em 1951. Sentinel of Eternity falava de uma pirâmide colocada na Lua que, durante séculos, enviara sinais para um ponto distante. O que aconteceria no momento em que a transmissão fosse interrompida? Deste e de outros contos (como Encounter in the Dawn, de 1953) Clarke e Kubrick partiram para a criação do argumento que serviria de base ao filme e que conheceria versão na forma de romance que teria primeira publicação em 1968, o mesmo ano em que o filme chegou aos ecrãs das salas de cinema.
2001: Odisseia no Espaço completou-se como um corpo total na visão de Stanley Kubrick. Mas Arthur C. Clarke resolveu continuar a narrativa, publicando em 1982 a sequela 2010: Odissey Two, que conheceria uma adaptação (menor) ao cinema em 1984 na qual são retomadas algumas personagens e, sobretudo, os espaços da nave Discovery. Com a lua de Júpiter Europa no centro das atenções, a história conheceria depois continuação em 2061: Odissey Three, livro que surgiria em 1987, o ciclo conhecendo conclusão dez anos depois com 3001: The Final Odissey.