terça-feira, outubro 01, 2013

Novas edições:
Moby, Innocents

Moby 
“Innocents” 
Little Idiot / Mute 
3 / 5 

Com mais de 20 anos de carreira e um percurso que caminhou dos espaços de invenção próxima de terrenos 'indie' para os patamares de exposição mainstream perante o sucesso monumental de Play, o álbum que editou em 1999 e que representa, de facto, o melhor momento da sua discografia, Moby é contudo uma figura cuja presença tem sido relativamente reduzida no mapa das atenções de quem segue a música. Apesar do pontual foco de atenção gerado por um ou outro single (mesmo assim sem a expressão global de outros tempos), a sua discografia pós-milénio tem sido montra desinteressante de ideias, como de resto o foram também 18 e Hotel, álbuns que em 2002 e 2005, respetivamente, pouco mais fizeram que partir das formas encontradas em Play para delas construir um percurso que, entre a pop e as eletrónicas, acabou por não acrescentar muito a uma obra que, até então, tinha sobretudo experimentado a diversidade e o gosto pelo desafio. Não que repetir seja errado, mas a verdade é que às ideias pouco ginasticadas juntava-se um rol menos inspirado de canções que a memória (mesmo recente) foi esquecendo. Innocents, que o próprio Moby co-produz ao lado de Mike 'Spike' Stent é, mesmo longe de representar uma peça maior no quadro das edições de 2013, o disco que revela o melhor momento na obra de Moby desde o já distante Play. O alinhamento é dominado por duas características que acabam por caracterizar o disco: um uso omnipresença de arranjos dominados por cordas sintetizadas (procurando uma aura algo sinfonista) e a recruta de uma pequena legião de vozes a quem integra as canções que aqui espalha entre os temas instrumentais. Mark Lanegan, Wayne Coyne, Cold Specks ou Damien Jurado são alguns dos protagonistas de um disco dominado por uma certa melancolia, polido nas formas, elegante na arquitetura dos ritmos, caminhando naquela ténue linha que separa uma boa ideia pop, inspirada pela assimilação de ecos do minimalismo, do eventual tropeção new age para o domínio da música como papel de parede. Mais que em quaisquer dos seus álbuns recentes em Innocents Moby consegue manter o curso dos acontecimentos no bom caminho. E entre o espantoso encontro com Mark Lanegan em The Lonely Night e episódios instrumentais que podiam habitar uma boa produção sci-fi com design apurado (ao jeito de um Oblivion) acaba por nos dar aqui o seu disco mais recomendável desde Play. O que não quer dizer que repita esse patamar mais visionário que brilhou na reta final do século passado.