quarta-feira, outubro 23, 2013

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Boardwalk, Boardwalk

Boardwalk 
“Boardwalk” 
Stones Throw  / Popstock
2 / 5

Das raízes primordiais na sonridade densa, mas luminosa de uns Cocteau Twins, passando depois por nomes como os Frazier Chorus, Pale Saints, Mazzy Star ou Stereolab, o espaço da chamada 'dream pop' conheceu entretanto novo paradigma de referência nos belíssimos álbuns que fizeram dos Beach House um dos casos mais aclamados da cultura indie do novo século. E perante a instituição de referências desta dimensão não falta nunca quem se candidate a seguir-lhe os passos. E entre os que tentam entrar nesse comboio em andamento, fazendo tudo por tudo para ficar na mesma carruagem dos Beach House estão os Boardwalk. Também eles uma dupla, eles são Mike Edge e Amber Quintero. Conheceram-se em Los Angeles no verão de 2013 e decidiram juntar a experiência dele na produção às capacidades vocais dela cimentando uma colaboração que agora ganha forma no alinhamento de um álbum de apresentação a que resolveram chamar, muito simplesmente, Boardwalk. O disco segue de perto as linhas que fizeram de Teen Dream e Bloom dos Beach House dois dos maiores “casos” de toda a família dream pop. Guitarras, reverberação, linhas suaves, melodias bem vincadas e uma voz celestial, juntam-se em canções com sabor a coisa do mundo dos sonhos e das nuvenzinhas. Convenhamos que o disco abre muito bem, ao som de I'm Not Myself e brilha mais ainda quando, depois, nos dá a ouvir What's Love, que é daqueles docinhos pop que se saboreiam vezes sem conta sem enjoar. O problema de Boardwalk é que, depois deste arranque promissor, o disco mais não faz que repetir à exaustão as mesmas ideias e sonoridades, as canções passando de umas para as outras sem que diferenças mais evidentes as destaquem entre si. Boardwalk é assim como uma viagem entre uma rua limpa, linda, com casas bem pintadas e de linhas elegantes, mas onde às tantas não distinguimos umas das outras... Talvez quando um dia deixem de querer fazer canções à la Beach House a coisa ganhe corpo. Mas para já, e mesmo com duas belas canções, o álbum acaba com sabor a sucedâneo inconsequente.