Três meses e um dia depois de ter nascido, o Príncipe George Alexander Louis, terceiro na linha de sucessão ao trono da Grã-Bretanha, foi baptizado. Não surpreende que o evento se tenha tornado rapidamente ubíquo, fazendo proliferar imagens e reportagens [The Times + The New York Times]. E há que reconhecer que a seriedade do pequeno grande George tem o sabor de uma ambígua satisfação das obrigações protocolares...
Em todo o caso, a ilustração da notícia na Vanity Fair envolve um bizarro sintoma que vale a pena sublinhar. Assim, numa revista que faz da sofisticação fotográfica um dos seus princípios essenciais (actualmente a celebrar "um século de imagens"), o baptizado é apresentado, não através de fotografias obtidas in loco, mas sim de uma dezena de frames extraídos da reportagem que todas as televisões difundiram [video].
Em termos práticos, o resultado prático roça o impensável, com frames como aquele que aqui se reproduz, amputando de forma arbitrária os rostos do avô e dos pais de George, deixando a Rainha reduzida a uma incerta mancha azul. Dir-se-ia que, num misto de distracção e ingenuidade, a Vanity Fair expõe uma das regras de ouro de muitas formas correntes de figuração das celebridades: os códigos da pompa deram lugar à banalidade dos olhares "amadores", todos os dias exacerbados na vulgaridade dominante nas redes (ditas) sociais.
Em última instância, na sua vulgaridade formal, o que estas imagens nos dizem é que qualquer um de nós as podia ter obtido. Dito de outro modo: trata-se de uma impostura estética que, pelos vistos, a generalidade dos consumidores acolhe como se fosse uma gratificação existencial. E uma partilha de poder. God knows.
Em última instância, na sua vulgaridade formal, o que estas imagens nos dizem é que qualquer um de nós as podia ter obtido. Dito de outro modo: trata-se de uma impostura estética que, pelos vistos, a generalidade dos consumidores acolhe como se fosse uma gratificação existencial. E uma partilha de poder. God knows.