quinta-feira, outubro 31, 2013

Discos Pe(r)didos:
Men Without Hats, Folk Of The 80's (Part III)


Men Without Hats
“Folk Of The 80’s (Part III)”
Statik Records
(1984)

Surgidos em Montreal em finais dos anos 70, os Men Wiothout Hats representaram a mais visível expressão internacional de uma primeira geração pop electrónica canadiana. O EP de estreia Folk Of The 80’s, editado em 1980, mostrava uma pop minimalista e geométrica desenhada por sintetizadores, destacando a presença vocal (em registo de barítono) do vocalista Ivan Doroschuck, que se afirmaria desde logo como uma das principais características de identificação do som do grupo. Centrado em volta de Ivan e dos seus dois irmãos (apesar das muitas variações de line-up que a banda depois conheceu), os Men Without Hats foram globalmente projetados entre 1982 e 83 sob o impacte do single The Safety Dance e o sucesso do álbum de estreia Rhythm of Youth (que juntava aos ingredientes do EP de estreia um mais lúdico sentido de prazer festivo). Em 1984 o grupo lançou Folk Of The 80s (Part III), um segundo álbum de originais que, em linhas gerais, não se afastou muito das formas e demandas que o disco anterior neles mostrava. Where Do The Boys Go? foi o cartão de visita, mas mesmo seguindo a linha de algumas canções mais dançáveis de Rhythm of Youth, acabou longe de gerar o mesmo entusiasmo (talvez Unsatisfaction, I Know Their Name ou Messiahs Die Young, não muito distantes, tivessem sido alternativas a considerar). O disco junta, tal como fazia o álbum anterior, alguns temas desalinhados com o tronco eletro pop dominante. A balada para voz e piano I Sing First (Not For Tears) ou o mais longo devaneio em flirt progressivo Mother’s Opinion mantinham assim firme um gosto por experiências além das linhas pop luminosas para o formato de single, opção na altura partilhada por outros nomes da pop electrónica como os OMD ou Human League. Já o instrumental Eurotheme vincava uma ligação a sonoridades europeias da época, assumindo o grupo a consciência que, por enquanto, uma pop electrónica tão efusiva era coisa algo alienígena (e muitas vezes coisa de culto) daquele lado do Atlântico. Longe de ser sequer uma obra-prima, antes e apenas um saboroso um docinho pop trálálá, o segundo álbum dos Men Without Hats acabou coisa esquecida pelo tempo. Mas seria o ponto de partida para Love In The Age of War (2012), o segundo disco do grupo editado após a sua reunião em 2010.