sexta-feira, setembro 06, 2013

Novas edições:
Belle and Sebastian, The Third Eye Centre

Belle and Sebastian
“The Third Eye Centre”
Rough Trade
3 / 5

Há já três anos que não víamos os Belle and Sebastian no escaparate das novas edições. Foi em 2010, com Belle and Sebastian Write About Love, disco que não envergonhou ninguém mas já longe dos grandes momentos de forma que fizeram o melhor da sua obra entre meados dos anos 90 e o início do milénio, sendo de há já dez anos o último episódio maior da sua discografia (Dear Catastrophe Waitress). Na verdade, e apesar de mais dois álbuns de originais editados desde então, o melhor da discografia dos Belle & Sebastian nos últimos dez anos surgiu na forma de uma antologia – Push Barman To Open Old Wounds (de 2005) – uma visão panorâmica da obra do grupo editada entre singles e EPs lançados até então, juntando mesmo algumas das mais brilhantes pérolas da sua discografia. De certa forma o novo The Third Eye Centre é como um segundo volume desta mesma ideia, contudo com duas diferenças maiores. Uma delas, do ponto de vista formal, tem a ver com os critérios de seleção já que na antologia de 2005 era apresentada, de forma cronológica e sistematizada, a obra editada em singles e EPs lançados originalmente entre 1997 e 2001. A segunda, e basta uma audição para o reconhecer, é que o calibre do material aqui reunido está a milhas da excelência do que se ouvia em Push Barman To Open Old Wounds, que celebrava o grupo como autor de uma das mais belas obras pop feitas de alma pastoral. A nova antologia parte de um intervalo de tempo que se começa a contar quando a história desse outro volume termina. Mas abre o alinhamento para lá da recolha de temas de singles e EPs, juntando temas extra do álbum de 2010, um outro gravado para um disco-campanha da War Child e até mesmo um inédito, dispensando também a lógica de arrumação no tempo no acoplamento das canções... Mas não é entre a desfocagem do conceito (ou no novo conceito, para não fazermos de conjeturas uma certeza) que reside o que faz deste volume de “raridades” um título que justificará poucas atenções fora do campo dos mais devotos seguidores do grupo. É que, para além da remistura dos Avalenches para I’m A Cuckoo (que junta luminosa e deliciosa condimentação com sabor a ilhas do Pacífico), da investida electrónica na leitura de Your Cover’s Blown via Miaoux Miaowx, no flirt com formas ska em The Eight Station of The Cross Kebab House ou da revisão electro pop, por Richard X (quase à la Erasure), de I Didn’t See It Coming, o restante alinhamento não acrescenta nada de “obrigatório”. A menos que se seja fã do grupo, claro...