Nos anos 60 ser fã dos Beatles ou dos Rolling Stones era, por si só, expressão de uma personalidade diferente e uma outra forma de encarar a sociedade(e as suas regras). “Os Beatles eram considerados menos maus, menos interventivos. Os Stones eram vistos como um convite à transgressão”, explica Rolando Rebelo, autor de Rolling Stones em Portugal, que acredita que, se tivesse sido “Mick Jagger a proferir o que John Lennon disse perante a Rainha de Inglaterra no Royal Variety Perfomance - 'Os que estão nas cadeiras mais baratas podem bater palmas, os restantes apenas abanem as vossas jóias'' - não teria sido levado com o mesmo ânimo leve”. E os ecos que então chegavam a Portugal eram, esclarece, “os que emanavam da imprensa britânica, que nunca morreu de amores pelos Stones”, defende.
O autor deste livro que, além de arrumar cronologicamente a biografia do grupo, sublinha detalhadamente os episódios portugueses vividos pela banda e o seu impacte entre nós, explica que os Rolling Stones surgem de uma “continuidade” e dão “seguimento aos sentimentos da década anterior, como o rock’n’roll de Elvis Presley que acordou a sexualidade”, para isso bastando-lhe “o seu jogo de ancas”. Para si os Rolling Stones marcaram o seu tempo do mesmo modo que o fez Marlon Brando que, “pela sua postura e rebeldia, influenciou a juventude em Wild One” ou James Dean “e a sua incompreensão do mundo que o rodeava”. Entre nós deixaram marcas pela forma como “apelaram à libertação dos códigos mais rígidos que vigoravam na altura”. Nem que, acrescenta, “tenham influenciado nos cortes de cabelo, como é exemplo disso o facto da Polícia de Coimbra ter recebido ordens para cortar as guedelhas de alguns jovens”.
Num confronto entre os dois grupos ingleses, e a sua relação com os media portugueses da altura, Rolando Rebelo relata que “os Beatles foram muitas vezes capa de revistas como a Flama ou o Século Ilustrado” e que a primeira referência que se encontra na imprensa portuguesa sobre os quarto de Liverpool “data de Novembro de 1963, enquanto os Stones só seriam mencionados na revista Yé-Ye em 1965”. Por seu lado, as “notícias que iam saindo nos diversos diários (como por exemplo a hipótese de actuarem em Lisboa em 1964, a passagem de Paul McCartney por Portugal em 1965 e em 1968 de férias, assim como os filmes dos Beatles em exibição nos principais cinemas de Lisboa), contribuiram para que tivessem uma maior exposição mediática que os Stones na nossa imprensa” da época.
Da análise atenta aos jornais e revistas que esteve na base da preparação do livro, Rolando Rebelo reconhece que uma mudança mais notória da imprensa portuguesa para com os Rolling Stones chega em 1990 quando atuam no Estádio de Alvalade assinalando então aquele que foi o primeiro grande concerto do grupo entre nós e também o primeiro de estádio do panorama pop/rock português. “É inclusivamente notório que foram mais vezes primeira página ou capa ou dignos de notícia desde 1990 do que nos 27 anos anteriores à sua primeira passagem por Portugal”, confirma ao DN. Rolando Rebelo acrescenta que “uma boa parte da imprensa mundial vê-os, hoje em dia, de duas formas”. Uma primeira “resultante da curiosidade pela longevidade, pelos escândalos, pela sobrevivência devido ao estilo de vida”. E uma segunda, e para si mais importante, “pela música”.
Rolando Rebelo reconhece que há hoje em Portugal muitos mais admiradores pelos Rolling Stones que nos anos 60 e 70. “É visível nos concertos”, sublinha. E recorda até que “no concerto do Porto” estavam a seu lado duas adolescentes “aos berros” e que “por momentos” pensou “que estava numa cápsula do tempo e tinha viajado até aos anos 60”.
O autor aponta que, entre os músicos portugueses, a influência dos Stones “é mais notória nos Xutos & Pontapés, mas afecta todos eles”, pelo que depreendeu “ao falar com uma série” de figuras com quem conversou para preparer este livro. Aponta nomes como os de Rui Veloso, António Manuel Ribeiro, Jorge Palma, Pedro Abrunhosa, os GNR, Paulo Gonzo...
Por seu lado, o facto de, numa atuação mais recente, terem interagido com em palco com Ana Moura, aprofunda de certa forma a relação dos Stones com Portugal. Rolando Rebelo recorda-se de, depois de a cantora ter colaborado em No Expectations, “uma série de amigo, fãs dos Stones das quatro partes do mundo”, lhe perguntava quem era aquela voz “e o que era o fado!”… Rolando Rebelo conta então que o técnico de Keith Richards lhe disse que tinha ido ver Ana Moura por ocasião do seu concerto em Nova Iorque. Lembra-se ainda de lhe ter enviado “um email com um vídeo de Carlos Paredes a tocar os Verdes Anos para mostrar a Keith Richards”, ao que o técnico respondeu que o guitarrista “adorou, e que queria mais!”. O autor conclui que a atuação conjunta com Ana Moura “não só aprofundou” a relação dos Rolling Stones com o nosso país, “como ainda ajudou a divulgar a nossa cultura mais um pouco”. Aliás, num fax que Keith lhe enviou “e que está exposto no livro, ele menciona mesmo o seu amor pelo Fado”.
Por seu lado, o facto de, numa atuação mais recente, terem interagido com em palco com Ana Moura, aprofunda de certa forma a relação dos Stones com Portugal. Rolando Rebelo recorda-se de, depois de a cantora ter colaborado em No Expectations, “uma série de amigo, fãs dos Stones das quatro partes do mundo”, lhe perguntava quem era aquela voz “e o que era o fado!”… Rolando Rebelo conta então que o técnico de Keith Richards lhe disse que tinha ido ver Ana Moura por ocasião do seu concerto em Nova Iorque. Lembra-se ainda de lhe ter enviado “um email com um vídeo de Carlos Paredes a tocar os Verdes Anos para mostrar a Keith Richards”, ao que o técnico respondeu que o guitarrista “adorou, e que queria mais!”. O autor conclui que a atuação conjunta com Ana Moura “não só aprofundou” a relação dos Rolling Stones com o nosso país, “como ainda ajudou a divulgar a nossa cultura mais um pouco”. Aliás, num fax que Keith lhe enviou “e que está exposto no livro, ele menciona mesmo o seu amor pelo Fado”.