Mesmo sem o impacte mainstream maior que os Bealtes e os Rolling Stones tiveram no Portugal de 60, a música dos Doors também chegou a este canto da Europa “na altura certa”, como explica Rui Pedro Silva, autor de Caravana Doors – Uma Viagem Luso-Americana, livro que dedica parte das suas páginas a retrato da história do relacionamento dos portugueses com uma das mais míticas bandas da história da cultura popular. O livro dá conta de primeiros sinais de visibilidade do grupo em pontuais espaços na rádio e sistematiza, com exemplos exaustivos, a forma como foram referidos entre as primeiras publicações musicais (como o Mundo da Canção ou a Memória do Elefante). As suas canções foram escutadas e partilhadas entre cassetes que muitos soldados levavam para a guerra em África, sendo esta uma das mais importantes frentes na criação de um relacionamento entre os portugueses e a música do grupo californiano.
Jovens soldados portugueses partiam para o combate “com os Doors em cassetes e a martelar no pensamento”, conta Rui Pedro Silva no livro. “Jim Morrisson e companheiros tornaram-se uma presença local entre as companhias que se embrenhavam no mato e sabiam que iam ao encontro de tudo menos paz e amor. Com os Doors fazia sentido encontrar morte, logo a banda sonora estava perfeitamente adequada ao contexto”, continua o autor.
Mas a história desta relação com os Doors começou antes dos campos de batalha em África. “Em 1967 quando o single Light My Fire se tornou no primeiro êxito comercial dos Doors, o mítico programa radiofónico Em Órbita fez o vinil The Doors girar a alto e bom som”, relata o autor do livro usando uma expressão que é partilhada pela memória de tantos admiradores de António Sérgio que mais tarde, já nos anos 70, seria um dos mais empenhados divulgadores da obra do grupo na radio portuguesa. Rui Pedro Silva reconhece, em Caravana Doors, que sempre houve “mitos” portugueses sobre o grupo, nomeadamente que tinham sido alvo de censura nos dias do Estado Novo. “Isso não é verdade”, diz. Em entrevista publicada no livro Cândido Mota recorda que “a censura era apertada e intransigente, mas felizmente muito ignorante. Falava muito mal o inglês... Que me lembre só embrirraram com o Universal Soldier do Donovan e mesmo assim porque alguém lhes chamou a atenção para isso”.
Um dos focos de Caravana Doors procura estabelecer um retrato da relação dos media portugueses com o grupo. A rádio “foi a porta de entrada”, reconhece o autor. A imprensa escrita “ilustrou-os com imagens e textos em desenvolvimento”. Rui Pedro Silva considera que, “devido à natureza dos meios (rádio, imprensa escrita) o peso de cada um se torna relativo, porque se a rádio tem o trunfo do som, da audição da música, a imprensa escrita fornece imagens físicas e texto para o imaginário forte daquela música. Nos melhores exemplos que consegui encontrar ao longo das décadas, consegue-se ouvir os sons na leitura dos jornais/revistas e visualizar belas fotografias ao som de músicas e conversas integradas em determinados programas radiofónicos. Vejo-os como meios complementares”, defende.
Entre os seus livros Contigo Torno-me Real e Caravana Doors o autor refere vários exemplos do impacte no grupo no mapa pop/rock nacional. “Vai desde o contemporâneo Phil Mendrix, passando por nomes como Rui Veloso, Jorge Palma, Zé Pedro, Tim, Pedro Abrunhosa, Luis Represas, The Legendary Tiger Man”, entre outros. “Todavia a influência mais assumida está nos UHF na pessoa do seu vocalista, o António Manuel Ribeiro”, remata.
Do retrato detalhado que faz da história do relacionamento dos Doors com os portugueses, Rui Pedro Silva conclui que, “a nível de identificação existiram algumas franjas nos anos 60 onde a ligação foi mesmo visceral”. Nesta época, reconhece, “os Doors estavam muito longe de ser um fenómeno de massas, especialmente no nosso país. Os tempos eram outros, o nosso acesso à informação era rudimentar e apertado quando comparado com as décadas subsequentes”. Quando os Doors surgiram, “Portugal não tinha uma imprensa especializada em música rock e esse é também um dos factores para que o impacto fosse naturalmente menor”. Os admiradores norte americanos e alguns europeus tinham por isso “a vantagem de poder contar com alguns programas televisivos que não passavam em Portugal”. Estes “e outros factores objetivos”, o autor constatou “que o impacto foi bastante diferente após o 25 de abril de 1974”.
Jovens soldados portugueses partiam para o combate “com os Doors em cassetes e a martelar no pensamento”, conta Rui Pedro Silva no livro. “Jim Morrisson e companheiros tornaram-se uma presença local entre as companhias que se embrenhavam no mato e sabiam que iam ao encontro de tudo menos paz e amor. Com os Doors fazia sentido encontrar morte, logo a banda sonora estava perfeitamente adequada ao contexto”, continua o autor.
Mas a história desta relação com os Doors começou antes dos campos de batalha em África. “Em 1967 quando o single Light My Fire se tornou no primeiro êxito comercial dos Doors, o mítico programa radiofónico Em Órbita fez o vinil The Doors girar a alto e bom som”, relata o autor do livro usando uma expressão que é partilhada pela memória de tantos admiradores de António Sérgio que mais tarde, já nos anos 70, seria um dos mais empenhados divulgadores da obra do grupo na radio portuguesa. Rui Pedro Silva reconhece, em Caravana Doors, que sempre houve “mitos” portugueses sobre o grupo, nomeadamente que tinham sido alvo de censura nos dias do Estado Novo. “Isso não é verdade”, diz. Em entrevista publicada no livro Cândido Mota recorda que “a censura era apertada e intransigente, mas felizmente muito ignorante. Falava muito mal o inglês... Que me lembre só embrirraram com o Universal Soldier do Donovan e mesmo assim porque alguém lhes chamou a atenção para isso”.
Um dos focos de Caravana Doors procura estabelecer um retrato da relação dos media portugueses com o grupo. A rádio “foi a porta de entrada”, reconhece o autor. A imprensa escrita “ilustrou-os com imagens e textos em desenvolvimento”. Rui Pedro Silva considera que, “devido à natureza dos meios (rádio, imprensa escrita) o peso de cada um se torna relativo, porque se a rádio tem o trunfo do som, da audição da música, a imprensa escrita fornece imagens físicas e texto para o imaginário forte daquela música. Nos melhores exemplos que consegui encontrar ao longo das décadas, consegue-se ouvir os sons na leitura dos jornais/revistas e visualizar belas fotografias ao som de músicas e conversas integradas em determinados programas radiofónicos. Vejo-os como meios complementares”, defende.
Entre os seus livros Contigo Torno-me Real e Caravana Doors o autor refere vários exemplos do impacte no grupo no mapa pop/rock nacional. “Vai desde o contemporâneo Phil Mendrix, passando por nomes como Rui Veloso, Jorge Palma, Zé Pedro, Tim, Pedro Abrunhosa, Luis Represas, The Legendary Tiger Man”, entre outros. “Todavia a influência mais assumida está nos UHF na pessoa do seu vocalista, o António Manuel Ribeiro”, remata.
Do retrato detalhado que faz da história do relacionamento dos Doors com os portugueses, Rui Pedro Silva conclui que, “a nível de identificação existiram algumas franjas nos anos 60 onde a ligação foi mesmo visceral”. Nesta época, reconhece, “os Doors estavam muito longe de ser um fenómeno de massas, especialmente no nosso país. Os tempos eram outros, o nosso acesso à informação era rudimentar e apertado quando comparado com as décadas subsequentes”. Quando os Doors surgiram, “Portugal não tinha uma imprensa especializada em música rock e esse é também um dos factores para que o impacto fosse naturalmente menor”. Os admiradores norte americanos e alguns europeus tinham por isso “a vantagem de poder contar com alguns programas televisivos que não passavam em Portugal”. Estes “e outros factores objetivos”, o autor constatou “que o impacto foi bastante diferente após o 25 de abril de 1974”.