Nunca foram figuras com protagonismo maior por estas bandas, talvez apenas os mais atentos ao que vai acontecendo pelo mundo dos discos lhes tenham dado a (merecida) atenção. Mas a verdade é que os Saint Etienne são já uma instituição da canção pop britânica do nosso tempo e, desde que em 1990 se apresentaram com Only Love Can Break Your Heart (um original de Neil Young) têm construído uma obra que sempre soube escutar as heranças maiores da canção pop dos anos 60, as electrónicas usadas nos oitentas, o tempo confirmando depois, álbum após álbum, que sempre preferiram ser atuais a “modernos”, deixando o gume da invenção das formas para as novas bandas das gerações que pelo caminho foram surgindo.
Foi pois com um certo sabor a um disco “clássico” que, em maio do ano passado, acolhemos a chegada de Words and Music by Saint Etienne, o seu oitavo álbum de originais, que quebrava um silêncio de sete anos. O disco segue a linha pop luminosa que caracteriza a obra do trio londrino, permitindo a presença de alguma melancolia e, desta vez mais que nunca, o valor da memória. De resto, o foco central das canções centra-se mesmo numa série de reflexões sobre o tempo que passou. Não em lamentos do que foi não volta a ser. Mas celebrando a vida, o que nos vai dando. E tudo isto num conjunto de canções que, tal como nuns Pet Shop Boys, nos mostram como a canção pop pode ser coisa inteligente.