Lembro-me, quando era miúdo, de quão reduzida era a visão que tinha da música norueguesa (e do que aqui nos chegava). Não falo da música clássica nem do jazz, que entre os nomes de Edvard Grieg, Jan Garbarek ou Arild Andersen o panorama revelava-se sempre rico em ideias e bons discos... Na pop falava-se então dos A-ha, dos magníficos Bel Canto, dos Fra Lippo Lippi... E pouco mais. Mas de repente, em 2001, uma lufada de novos nomes e sons entraram em cena (fruto de vários fatores, um deles uma aposta estruturada de exportação a nível nacional). De repente descobríamos os Royksopp, Sondre Lerche, Flunk, SloPho e, entre alguns outros mais, os Kings of Convenience.
Estes últimos são um par de ar pacato, decididamente encantado pelos diálogos entre a voz e a guitarra acústica e com evidente gosto pela música do Brasil e seus herdeiros e parentes próximos. Em 2001 estreavam-se com um álbum de canções acústicas a que chamaram Quiet Is The New Loud. Mas o grande momento da sua obra foi, nesse mesmo ano, Versus, um disco de remisturas que partia dessas canções para as cruzar com electrónicas, laivos de jazz, climas bossa nova ou arranjos para cordas. É um disco calmo, placidamente ritmado, com aquele tranquilo sabor a fim de tarde em dia de calor. Quente, mas pontuado por uma brisa nortenha que o faz, doze anos depois, perfeita companhia para acompanhar com um copo na mão e pedras de gelo por perto.