sexta-feira, julho 05, 2013

Novas edições:
Giorgio Moroder, Best of Electronic Disco

Giorgio Moroder 
“Best of Electronic Disco (deluxe edition)” 
Repertoire Records 
4 / 5

Não será certamente estranha à presença (bem evidente) de Giorgio Moroder no alinhamento do mais recente álbum dos Daft Punk o aparecimento de uma nova antologia dedicada à sua música. Porém convém reconhecer também que não se esgota junto dos Daft Punk a carteira de potenciais novos focos de interesse sobre si. Afinal nos últimos meses o veterano alemão (que soma presentemente 73 anos de idade) descobriu através do Sound Cloud uma nova janela de comunicação para com novos públicos. E, convenhamos, a recorrente boa saúde que o disco sound respira (e o recente fenómeno space disco que o dia) assegura que a sua obra continue a ser matéria prima vibrante para sucessivas gerações de músicos e ouvintes. A sua discografia é vasta e naturalmente transcende os espaços do disco sound... Mas foi nesse domínio que se fez referência e visão, não apenas nas célebres e fundamentais parcerias com Donna Summer que ajudaram a definir e projetar o género, mas também num conjunto de discos nos quais levou mais adiante a exploração das potencialidades das eletrónicas ao serviço de ideias neste mesmo terreno. E é por aí mesmo que investem as memórias que recuperam os temas que agora reencontramos em The Best of Electronic Disco, antologia que assenta as bases no álbum (clássico) de 1977 From Here To Eternity (o seu grande disco em nome próprio), que recua mesmo ao anterior Knights In White Satin (1976) e escuta o sucessor E=MC2 (1980), acrescentando depois ao alinhamento alguns temas menores da primeira metade dos oitentas, entre os quais as menos interessantes colaborações que então criou com Paul Engemann e que se aproximam mais de registos de produção pop dos oitentas que do tutano da alma disco... Focado, o alinhamento exclui assim importantes parcerias que por esta altura assinou enquanto produtor junto de nomes como os Japan, Blondie ou David Bowie, assim como não convoca a presença do disco com Phil Oakey que gravou em 1984. Mesmo assim, um belo retrato do melhor de um autor que encarou o disco sempre artilhado de eletrónicas (naquilo a que poderíamos mesmo chamar como ponto de vista alemão sobre uma realidade de berço americano). Quem encontra em Lindstrom, Pet Shop Boys ou Kelley Polar motivos para celebrar o disco no presente tem aqui importantes páginas de história a (re)descobrir.

PS. Sim, a capa é horrenda. Mas quando se fala de música convém também saber ouvir...