Isolda Dychauk, "Gretchen" |
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Na iconografia humana e desumana do Fausto, de Aleksandr Sokurov, assiste-se ao bizarro triunfo de uma masculinidade fechada no seu próprio vazio. Talvez possamos dizer isto de outro modo: Sokurov tende a encenar a tragédia íntima do factor humano como algo que começa no esvaziamento simbólico do género masculino — os homens são títeres da sua própria ansiedade (Fausto) ou são apenas o... Diabo (et por cause). Daí que, em alguns momentos, possa haver uma ou outra personagem feminina que, muito literalmente, ilumine o corpo do filme com a sua luz. Gretchen, por exemplo, aliás Isolda Dychauk: o quadro do filme deixa de ser um espaço de amostragem para passar a existir como um painel imaterial que tende para uma utopia sem nome. No limite, o grande plano reinventa-se como plano geral de um espaço cósmico. Deus existe.