quinta-feira, maio 16, 2013

Discos Pe(r)didos:
Re-Flex, The Politics Of Dancing

Re-Flex 
“The Politics Of Dancing” 
EMI Records 
(1983) 

Há discos novos que por vezes nos fazem lembrar outros, mais antigos, que eventualmente andem por aí esquecidos. E há poucos dias, ao escutar o novo álbum dos franceses Phoenix, dei por mim a lembrar-me dos Re-Flex (e atenção que se trata de nenhuma banda nascida do eventual impacte de The Reflex, um dos singles de maior sucesso na discografia dos Duran Duran, lançado em 1984). Banda britânica nascida na primeira metade dos anos 80 sob evidente entusiasmo pela exploração dos novos sintetizadoes e demais outros instrumentos explorando tecnologias electrónicas (nomeadamente as baterias sintetizadas). Com o vocalista John Baxter e o guitarrista e teclista Paul Fishman como principais timoneiros, contando com uma sucessão de bateristas na primeira etapa da sua carreira (entre os quais se contaram elementos dos Level 42), os Re-Flex cedo encontraram o interesse da EMI Records, que os juntou em estúdio com John Punter (que tinha já trabalhado com os Roxy Music ou Japan), assim nascendo o alinhamento de um primeiro álbum que veria a luz do dia em 1983. Dominado pela presença dos sintetizadores, por uma percussão cheia e insistente e uma vocalização nos antípodas da coisa discreta, The Politics Of Dancing gerou alguns breves casos de atenção através de singles como Hitline, Praying To The Beat ou o próprio tema-título, revelando o melhor das suas propostas em diálogos entre teclas e percussão electrónica em temas como Hurt ou Keep In Touch, o reverso da medalha habitando momentos mais inconsequentes como os que escutamos em Jungle. Liricamente estamos em terreno minimalista de ideias, acrescente-se. Esgotado nesses fugazes focos de interesse na época (e, convenhamos, com uma imagem uns furos abaixo do que se começava exigir a quem queria entrar na era do teledisco), o álbum rapidamente caiu no esquecimento, até porque o seu sucessor, gravado com o título de trabalho Humanication, com lançamento agendado para 1985, acabou retirado do mapa de edições pela editora, apesar de ter chegado a ser lançado o seu single de apresentação How Much Longer (o disco seria finalmente editado em 2010). Longe de representar um marco na história da pop dos oitentas ou sequer um paradigma maior na relação da escrita de canções com os sintetizadotres, os Re-Flex (que se reativariam no novo milénio) são contudo um nome a ter eventualmente em conta pela assinatura sónica que, de facto os distinguia na época e que, pelos vistos, poderá ter ecos 30 anos depois...