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Não creio que Nebraska, de Alexander Payne, seja um dos filmes maiores de Cannes/2013. O que não significa qualquer resistência ao misto de sobriedade e encanto com que Payne faz o retrato de um velho mentalmente instável, interpretado pelo magnífico Bruce Dern [à esquerda na imagem, ao lado de Will Forte], que acredita ter ganho uma lotaria pelo correio... Há, aliás, em Nebraska um desencanto pela decomposição social de uma certa América interior cuja actualidade política importa reconhecer. Ora, acontece que a conjugação de todos esses elementos (sem esquecer a notável fotografia a preto e branco, da responsabilidade de Phedon Papamichael) confere ao trabalho de Payne uma singular energia nostálgica. Como se Nebraska fosse a exposição de tudo aquilo que a indústria e o mercado dos blockbusters tem estrangulado. A saber: um cinema de escala humana, com personagens vivas e um gosto primitivo pela arte da narrativa.