quinta-feira, maio 30, 2013

Cannes 2013: horizonte


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Em tempos de epopeia clássica, o horizonte mítico de Hollywood era sempre o Oeste — Go West, young man! Na conquista do espaço, com a promessa de infinito (lembremos o 2001, de Kubrick), o horizonte perdeu materialidade, enquistando-se algures nas entranhas dos computadores (What are you doing, Dave?). Agora, na vertigem do espaço globalizado, servido pelo tempo pueril do instantâneo e da simultaneidade, dir-se-ia que o horizonte é apenas aquilo que é possível definir pelo alcance limitado das mãos e a ânsia sem resposta do olhar. É, pelo menos, assim, que J. C. Chandor filma Robert Redford no fascinante All Is Lost — um barco à deriva, uma personagem totalmente só e as tarefas da mais descarnada sobrevivência. Ou como o cinema, reinventando o seu espaço, nos devolve ao carácter inexorável do tempo.