![]() |
Kacey Mottet Klein e Léa Seydoux |
Que é isso, afinal, de encenar a juventude? Ou, mais exactamente: como encenar UM jovem? Irmã (L'Enfant d'en Haut), de Ursula Meier, tem uma resposta concisa e realista — este texto foi publicado no Diário de Notícias (25 Março), com o título 'Um realismo à medida da Europa'.
Nas sociedades europeias, existe um discurso “oficial” sobre a juventude marcado sempre por preocupações muito sérias sobre o lugar dos mais novos na vida económica e política. Como ter condições para estudar?... Como garantir emprego?... Como ter uma voz própria no complexo labirinto das relações sociais?... Etc., etc.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhJioRAHCxYSuyzIgehn0J-FRgPPd0gt3iRyPSp6eml2U3jf6336bUc9AZKglZphtCwr72aHHKd-31cqcfxYLyRpA_D7GM358-lJg_GSyibDLaZwxnWw0s-UvpV7-Mya8Zugz70JA/s200/L'Enfant+d'en+Haut.jpeg)
É muito simples definir um filme como Irmã, de Ursula Meier: trata-se de um objecto empenhado em contrariar essas visões paternalistas dos jovens, tendo como personagem central um rapaz de 12 anos, Simon (excelente Kacey Mottet Klein), que vive uma existência mais ou menos marginal, roubando os turistas de uma estância de ski. Nesta perspectiva, podemos dizer que Irmã ilustra a energia e as convicções de uma certa vaga realista que, em anos recentes, tem marcado algumas zonas da produção europeia. Representa, aliás, um curioso “desvio” no trabalho de Meier, uma vez que o seu título anterior, Home – Lar Doce Lar (2008), funcionava como uma insólita parábola social. Em qualquer caso, o tema central persiste: o que é o espaço familiar e como podemos habitá-lo?