The Seeds
“A Web of Sound”
Big Beat
4 / 5
“A Web of Sound”
Big Beat
4 / 5
Nome histórico do garage rock californiano dos anos 60, muitas vezes apontados entre os percursores do punk, os The Seeds viveram os seus melhores dias entre 1966 e 67, quando editaram um trio de álbuns que revelava uma visão atenta à linha da frente entre os acontecimentos da música elétrica do seu tempo. Depois de uma estreia, em 1966, com um álbum a que chamaram simplesmente The Seeds e antes de mergulharem mais profundamente entre as formas e cores caleidoscópicas do psicadelismo em 1967, lançaram em outubro de 66 A Web of Sound, talvez o álbum mais marcante da sua discografia. As canções que fazem o seu alinhamento surgiram nesse mesmo ano, por uma altura em que o grupo fazia uma residência no Bido Lito’s em Hollywood, numa altura em que por aqueles lados emergiam igualmente nomes como os Love ou os Doors. Mais focados que no álbum de estreia, os Seeds revelam entre as canções de A Web of Sound um labor elétrico que explora linhas além das angulosidades de um som potencialmente abrasivo, os trabalhos de cenografia em volta das guitarras, sobretudo o de teclas (antecipando um sentido de libertação que Ray Manzarek adotaria e aprofundaria nos Doors) alargando horizontes, antevendo de certa forma possíveis caminhos que o psicadelismo tomaria como terreno fértil pouco depois. Como entre tantas outras garage bands do seu tempo, os tesouros maiores da sua obra manifestavam-se na arte de conjugar estas visões com um sentido firme de escrita de canções (o que escutamos em temas como Mr Farmer ou Rolling Machine), o que não fechava todavia as portas a pontuais aventuras para lá das regras da canção pop/rock e suas formas, como o confirma a “viagem” de 14 minutos que nos sugeriam a bordo de Up In Her Room, que encerrava o alinhamento do lado B do vinil original. Esta reedição, de um disco central numa obra que muitas vezes é apontada como inspiradora de nomes que vão dos Velvet Undreground a Iggy Pop, junta agora um segundo CD. Entre os dois discos encontramos as versões mono e estéreo do álbum, assim como alguns outtakes e raridades que permitem fazer um retrato do que era a visão de uma banda californiana atenta ao presente e desejosa de participar na construção do futuro, a poucos meses da chegada de um festival de novas cores e formas às quais acabaria por aderir.