sábado, fevereiro 23, 2013

David Bowie a 45 RPM (8)

Há quem o aponte como o mais embaraçoso dos singles de Bowie. E quem, pelo contrário, o dê como exemplo do bom humor do autor. Editado em abril de 1967 The Laughing Gnome traduz mais um foco de atenção do músico sobre a figura e obra de Adrien Newley, afastando-se mais que nunca dos terrenos pop/rock contemporâneos (um pouco como o faria a essência do alinhamento do álbum de estreia, a que chamou David Bowie, que editou no mesmo ano mas em cujo alinhamento não surgiria esta canção).

The Laughing Gnome é construído como um diálogo entre David Bowie e um visitante alienígena, a voz de Bowie tendo sido depois manipulada em estúdio para interpretar a figura do extra-terrestre. Conduzida por um fagote, a canção integra-se no quadro de referências que Bowie então criava mas que acabou num beco que abandonaria pouco depois, ao visitar, em Space Oddity, outros destinos espaciais. Tal como os singles que o antecederam, The Laughing Gnome passou ao lado das tabelas de vendas. Mas, reeditado em 1973, chegou a um inesperado sexto lugar no Reino Unido. Menos feliz foi uma outra reedição, em 1982, completamente ignorada. Conta a mitologia pop/rock que, por ocasião da Sound + Vision Tour de 1990 (na qual os espectadores de cada país podiam pedir uma canção por votação telefónica), o jornal NME tentou mobilizar leitores para uma votação em massa em The Laughing Gnome. Mas Bowie respondeu – muito no seu estilo – que até estaria a ponderar tocá-la na digressão, mas não se ia vergar aos pedidos da imprensa. Naturtalmente não a tocou. 

No lado B do single surge o algo experimental The Gospel According To Tony Day, tema gravado em janeiro de 1967 onde tece retratos (nada elogiosos) de várias figuras ficcionais, com a música conduzida por um oboé, um fagote e a presença minimalista de uma guitarra.

Podem ouvir aqui o single The Laughing Gnome.