Villagers
Awayland
Domino
3 / 5
A nomeação para o Mercury Prize com o álbum de estreia Becoming a Jackal e a conquista de um Ivor Novello Award em 2011 elevou a fasquia na contagem decrescente para a chegada de um novo álbum dos Villagers, um nome na linha da frente da nova geração de bandas indie folk irlandesas. Expressão clara da voz (e, sobretudo, a escrita) de Conor O’Brien, os Villagers de Awayland (que se escreve com chavetas antes e depois, mas vamos poupar tinta) evidenciam mais o trabalho de banda que o que o álbum de estreia nos mostrara, sem que tal amorteça a expressão da verve literária que O’Brien gosta de levar às palavras que nos contam uma história (que começa numa manhã, com um homem nú, de escova dos dentes na mão e frente a um espelho)... Apesar do minimalismo para voz e guitarra com que nos convida a entrar no disco em The Lighthouse, o alinhamento revela logo depois um trabalho de composição e arranjos mais elaborado, aberto à presença de cordas (no que evoca heranças dos dois primeiros álbuns de um Nick Drake) e de electrónicas que, pontualmente (como sucede em Waves) alargam o panorama cénico e a ginástica linguística das canções para lá dos patamares folk em que se parecem desenhar as bases genéticas mais profundas da identidade do protagonista. Awayland corresponde ao elevar da fasquia que o momento pedia. Apresenta alguns momentos magníficos, sobretudo em Earthly Pleasures, o já citado Waves ou o tema-título (que leva mais longe o trabalho cenográfico orquestral) e confirma em Conor O’Brien a expressão de uma voz própria, em processo de busca pelo seu lugar. Ainda não chegou lá, mas está no bom, caminho.