Pantha du Prince + The Bell Laboratory
“Elements Of Light”
Rough Trade
4 / 5
Cabe a Pantha du Prince a honra de dar a 2013 o seu primeiro grande álbum. Na companhia do coletivo norueguês The Bell Laboratory, o alemão Hendrik Weber apresenta um álbum que, em tudo fiel aos espaços do minimalismo electrónico (há quem lhe chame techno minimal, e se calhar tem razão) nos quais tem talhado o seu percurso, alarga horizontes e constrói uma ideia que, como tantas outras que temos visto nascer nos últimos tempos, aprofunda a tendência dos diálogos entre géneros, instrumentos e tradições que, pelos vistos, parece representar uma das grandes tendências da música deste início de século. Depois de uma estreia algo discreta em 2004, foi em 2007 que o nome Pantha du Prince ganhou grande visibilidade ao assinar em This Bliss uma coleção de composições de delicada filigrana que revelavam um modo discreto de desenhar ambientes e sugestões de melodias entre uma segura arquitetura rítmica segura, mas nunca impositiva. Seguiu-se o fascinante Black Noise, onde a evocação de uma derrocada alpina que apagou uma povoação do mapa serviu de ponto de partida para uma ideia que soma os ecos desses acontecimentos e o confronto com o mesmo lugar no presente para uma nova ideia musical formalmente em continuidade com a sua obra. Há dois anos, por ocasião de uma visita a Oslo, o músico alemão deixou-se fascinar pelo som de um enorme carrilhão que mora no imponente edifício da câmara municipal da cidade. Agora, um carrilhão de 50 toneladas, uma multidão de outros pequenos sinos, marimbas, xilofones e electrónicas são os ingredientes que Hendrik e o coletivo norueguês agora empregam em Elements of Light, um álbum que na verdade não é senão uma grande peça (de 43 minutos), que para efeitos de alinhamento surge dividida em cinco faixas. A suavidade do desenho de sons pelos sinos e a forma como se diluem e cruzam com as electrónicas (e a dada altura uma mais evidente estrutura rítmica) reencontram um mesmo sentido de pulsão minimalista que animava já peças notáveis como Saturn Strobe ou Walden 2 e sugerem agora uma expressão possível de heranças do tintinnabuli que definiu os caminhos do minimalismo sagrado de Arvo Pärt. Elements of Light cruza instrumentos do presente e ecos de outras épocas, num espaço sem tempo. Transcende géneros e formas, propõe uma viagem de sensações, que se desenha gradualmente, seduz, conquista, arrebata. 2013 começa bem!