FOTO: Pete de Souza (Casa Branca) |
Para o melhor e para o pior, a história não é indissociável do mito. Sobretudo quando quem a protagoniza tem consciência da herança — histórica e mitológica — que o faz mover. Barack Obama tem essa consciência e, não por acaso, vive-a também através de uma elaborada política da imagem. Os políticos medíocres acham sempre que "precisam de criar uma imagem" — Obama faz política, incluindo a imagem.
Este instantâneo da Casa Branca multiplica as significações de tal dinâmica, já que o Presidente contempla a figura de Abraham Lincoln (quadro de George Henry Story, c. 1915), não apenas uma das figuras tutelares do imaginário político dos EUA, mas também uma personagem este ano relançada pelo cinema (através do filme Lincoln, de Steven Spielberg). No centro da fotografia, surge uma personagem cuja identidade a história não regista — em todo o caso, o sorriso redentor e as maravilhosas fitinhas brancas do cabelo são suficientes para o Presidente, em pose de exemplar humildade, lhe ceder o protagonismo.