sexta-feira, novembro 23, 2012

Novas edições:
Roxy Music,
The Complete Studio Recordings


Roxy Music 
“The Complete Studio Recordings” 
EMI Music 
5 / 5

Entre as forças maiores nascidas do panorama pop/rock dos anos 70 os Roxy Music moram junto das que conseguiram ser, ao mesmo tempo artística e comercialmente consequentes, vários sendo os episódios da sua carreira que geraram importante descendência. Surgiram em clima glam rock, mas tal como David Bowie, os seus horizontes cruzavam outras linguagens e ambições, a vivência art school de alguns dos seus elementos tendo condicionado os desejos de não fechar a música no plano das formas existentes, um sentido de demanda plástica cedo lançando desafios que os discos tão bem registaram. Podemos delimitar quatro grandes etapas na obra dos Roxy Music. Uma primeira, entre 1972 e 73, durante a qual Brian Eno integrou a formação da banda, imprimindo uma visão de saudável inquietude que soube aliar a tecnologia disponível à busca de novas formas para entender a construção dos ambientes e das canções. Desavenças no plano empresarial ditaram o afastamento de Brian Eno, deixando a Bryan Ferry a condução clara dos destinos da banda, uma segunda etapa de procura de caminhos pós-glam desenhando-se então entre 1974 e 76. O grupo separou-se então, voltando a reunir em 1978 sob nova orientação, partilhando inicialmente algum interesse pela assimilação de elementos escutados no disco, depois afinando progressivamente um sentido de elegância e sofisticação que culminaria no álbum Avalon, de 1982. A quarta etapa é a que o grupo vive desde o reencontro em 2001, ocasionalmente reunindo-se para concertos, o sonho de um eventual novo álbum de originais parecendo cada vez menos uma possibilidade. A caixa editada neste 2012 que assinala os 40 anos sobre o início da vida da banda recorda a integral da sua obra em estúdio e, por isso, encerra as memórias gravadas entre 1972 e 82 que recordam as suas três primeiras fases de vida (a quarta, apesar de ter gerado gravações de palco, não foi ainda criativamente consequente ao ponto de nos dar temas inéditos). Cronologicamente arrumados, apresentados em miniaturizações dos álbuns originais, os álbuns contam-nos uma história que parte ao som do visionário Roxy Music (1972) e do seu sucessor natural For Your Pleasure (1973). Avança pela memória de álbuns que aferiram em volta da personalidade de Ferry uma visão pop mais clacissista e sofisticada entre Stranded (1973), Country Life (1974) e Siren (1975), assinala o reencontro com o intrigante, mas novamente desafiante Manifesto (1979) e arruma o atingir de uma linguagem mais polida em Flesh + Blood (1980) e Avalon (1982). Deixando de lado os registos ao vivo Viva! (1976) e The High Road (EP de 1983), como de resto o próprio título da caixa o sugeria (afinal, é uma integral de estúdio!), esta edição completa a história com um CD duplo onde recolhe os temas editados entre os lados A e B dos singles e máxi-singles que o grupo editou entre Virginia Plain (1972) e Take A Chance With Me (1982). Falta-lhe um bom texto histórico. Mas convenhamos que o livro Unknown Pleasures, de Paul Stump (editado em 1988), já deu conta desse mesmo recado.