terça-feira, outubro 30, 2012

Novas edições:
I Like Trains, The Shallows


I Like Trains 
“The Shallows” 
I Like Records 
2 / 5

Seja a evocar figuras ou acontecimentos ou a debater cenários de um futuro que podemos contemplar no horizonte, os escoceses I Like Trains gostam (além dos comboios), de fazer das canções pequenos episódios de reflexão. Há cinco anos, em Elegies For Lessons Learnt cantavam uma praga do século XVII, uma tentativa de regicídio em 1800 ou a memória de um estudante que tentou saltar o muro de Berlim em 1961... Em 2010, o segundo álbum, He We Saw The Deep desviava, por sua vez, os olhares para o futuro. E agora, em The Shallows focam o presente, numa coleção de canções que traduzem cenários de relacionamento entre o homem e a tecnologia. Possivelmente inspirado pelo título do livro de Nicholas Carr – que entre nós vai brevemente ser publicado pela Gradiva como Os Superficiais (The Shallows, no original) – no qual se discutem os efeitos da Internet sobre os nossos cérebros, a nova coleção de canções dos I Like Trains mostra todavia mais boas intenções que reais concretizações. O alinhamento abre, com tom algo promissor em Beacons onde juntam uma discreta cenografia electrónica (de alma pós-punk) a uma estrutura pop/rock em registo claramente evocador das mesmas matrizes seguidas por nomes como uns Interpol, The National (e afins), sendo que, além da instrumentação, das formas e referências evocadas e modelos de composição seguidos, até a voz grave e bem colocada de Dave Martin ajuda nesse plano de comparações... O que ocasionalmente seriam interessantes focos de debate acabam porém reduzidos a uma sucessão de canções que não escapam a um clima que domina o disco de fio a pavio. E um disco que se propunha a lançar um tema atual e urgente acaba, sobretudo, na segunda metade do alinhamento, por ser coisa cansativa e que pouco acaba por comunicar... Tiro ao lado, portanto.