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| FOTO: Alfredo Cunha (JN) |
Escritor, poeta, dramaturgo, jornalista, foi distinguido com o Prémio Camões em 2011: Manuel António Pina faleceu no dia 19 de Outubro, no Hospital de Santo António, no Porto — contava 68 anos.
Nascido no Sabugal, licenciado em Direito pela Universidade de Coimbra, foi jornalista do Jornal de Notícias durante três décadas, aí mantendo uma crónica regular ('Por outras palavras'), bem como na revista Notícias Magazine (edição conjunta do JN e Diário de Notícias).
Senhor de uma prosa cristalina e elegante, ilusoriamente linear, fino observador social e metódico cronista da alma, deixou uma obra imensa e multifacetada em que se destacam as obras infantis e juvenis (O País das Pessoas de Pernas para o Ar foi o seu primeiro livro, publicado em 1973), a poesia (primeiro título: Ainda Não É o Fim nem o Princípio do Mundo, Calma É Apenas um Pouco Tarde, 1974) e o teatro (por exemplo: O Inventão e Perguntem aos Vossos Gatos e aos Vossos Cães, respectivamente de 1987 e 2002). Para além do Prémio Camões, entre as suas distinções incluem-se o Prémio Nacional de Crónica Press Club/Clube de Jornalistas, em 1993, e o Prémio de Poesia Luís Miguel Nava, de 2003, por Os Livros. Sobre ele, Ricardo Espírito Santo realizou o documentário Um Sítio onde Pousar a Cabeça [video]. Já este ano, lançara a sua poesia reunida, num volume intitulado Todas as Palavras.
Senhor de uma prosa cristalina e elegante, ilusoriamente linear, fino observador social e metódico cronista da alma, deixou uma obra imensa e multifacetada em que se destacam as obras infantis e juvenis (O País das Pessoas de Pernas para o Ar foi o seu primeiro livro, publicado em 1973), a poesia (primeiro título: Ainda Não É o Fim nem o Princípio do Mundo, Calma É Apenas um Pouco Tarde, 1974) e o teatro (por exemplo: O Inventão e Perguntem aos Vossos Gatos e aos Vossos Cães, respectivamente de 1987 e 2002). Para além do Prémio Camões, entre as suas distinções incluem-se o Prémio Nacional de Crónica Press Club/Clube de Jornalistas, em 1993, e o Prémio de Poesia Luís Miguel Nava, de 2003, por Os Livros. Sobre ele, Ricardo Espírito Santo realizou o documentário Um Sítio onde Pousar a Cabeça [video]. Já este ano, lançara a sua poesia reunida, num volume intitulado Todas as Palavras.
Primeiro domingo
A tarde estava errada,
não era dali, era de outro domingo,
quando ainda não tinhas acontecido,
e apenas eras uma memória parada
sonhando (no meu sonho) comigo.
E eu, como um estranho, passava
no jardim fora de mim
como alguém de quem alguém se lembrava
vagamente (talvez tu),
num tempo alheio e impresente.
Tudo estava no seu lugar
(o teu lugar), excepto a tua existência,
que te aguardava ainda, no limiar
de uma súbita ausência,
principalmente de sentido.
23/4/99
in Nenhuma Palavra e Nenhuma Lembrança
(Assírio & Alvim, 1999)
>>> Obituário no Jornal de Notícias (inclui bibliografia e crónicas).
>>> Manuel António Pina na editora Assírio & Alvim.