sexta-feira, outubro 26, 2012

50 anos de James Bond:
'Goldfinger' (1964)


Depois de dois filmes realizados por Terence Young, coube a Guy Hamilton o leme da condução do terceiro filme da série James Bond. Baseado o livro homónimo que Ian Flemming havia publicado em 1959, Goldfinger é habitualmente incluído nas listas dos melhores filmes da série. Se essa opção é coisa do foro da opinião de quem a produz, a verdade é que há factos em concreto que fazem deste filme de 1964 um marco na história do agente 007 no cinema. Cantada por Shirley Bassey, a canção-título não só é uma das melhores da série (senão mesmo a melhor) como inaugura a tradição de a colocar no genérico de abertura. A imagem da Bond girl Jill Masterson (interpretada por Shirley Eaton) morta e pintada a ouro tornou-se um ícone. Uma outra imagem, de James Bond (novamente Sean Connery) amarrado a uma mesa, sob a ameaça de um raio laser que avança entre as suas pernas afastadas, é ainda hoje uma das mais célebres de toda a série. A figura da outra Bond Girl, Pussy Galore (Honor Blackman) ganhou também o seu lugar na cultura pop assim como o par vilão/ajudante composto por Auric Goldfinger e o motorista Oddjob (o carro de Goldfinger foi mesmo um dos objetos mais fotografados numa exposição sobre o universo James Bond que em tempos vi no Science Museum, em Londres).

Em tempo de Guerra Fria, Goldfinger opta por desviar o foco da ação da luta entre grandes bolocos políticos para se centrar numa mais “clássica” história de bandidos, com o protagonista a preparar um “assalto” de grandes dimensões. Apesar das eventuais sequências de ação, Goldfinger coloca mais vezes o foco das atenções nas personagens e na construção da narrativa, a progressiva descoberta do vilão e dos seus planos e cúmplices tornando-se o verdadeiro motor dos acontecimentos (em vez das respostas mais rápidas e musculadas de 007 em alguns outros títulos). O filme aprofunda ainda a relação de James Bond com o mundo dos ricos e um sentido de coisa chique e elegante que desde cedo define a personagem e os ambientes em que circula e confirma a construção dos pequenos grandes detalhes (os gadgets, os carros, as armas) que aos poucos começavam a construir o cânone James Bond.