PABLO PICASSO Mulher Chorando I 1936 |
De acordo com notícia publicada no Diário Económico, está quantificado o enquadramento financeiro da eventual alienação da RTP pelo Estado: "A concessão do serviço público de televisão e rádio poderá garantir ao Estado um encaixe orçamental imediato entre 60 e 100 milhões de euros."
Há uma maneira mais simples de dizer isto, muito para além (ou aquém) de uma possível intervenção do Presidente da República. Ou seja: chegamos à fase do ridículo — mesmo se se tratasse apenas de abrir as portas do precioso arquivo da RTP, esse é um valor que nem sequer consegue ter o valor de uma boa anedota.
Aliás, talvez seja altura de os políticos que andam a chorar lágrimas de crocodilo pela RTP pouparem os cidadãos a mais discursos de exaltação patriótica, começando antes a falar de coisas concretas. Sobretudo porque esta súbita confluência na expressão mágica "serviço público" só serve para esconder as diferenças que os separam e o vazio de pensamento que, não poucas vezes, está para além dos soundbytes mais simplistas (fabricados para a televisão, hélas!). Vá lá, digam! Façam grelhas de programação. Em última instância, é disso que se trata, podem crer.