quinta-feira, agosto 16, 2012

Reedições:
Blur, The Great Escape


Blur 
“The Great Escape” 
EMI Music 
3 / 5

A história até começou “favorável” aos Blur, com Country House a chegar ao número um, “derrotando” assim Roll With It dos Oasis... Mas a batalha das bandas ia acabar por gerar mau ambiente, a superficialidade oca do “combate” reduzindo os dois nomes a um menor denominador feito de clichés, os Oasis tidos como porta-voz de um realismo direto, capaz de comunicar com tudo e todos, os Blur vistos como coisa mais complicada, entre metáforas e uma música menos direta... Como se reduzissem ambas a tão coxo retrato... Mas assim foi.

O fenómeno brit pop pode ter reconhecido nos Blur um dos seus mais importantes impulsionadores, a visão levantada em Modern Life is Rubbish (1993) e o sucesso estrondoso de Parklife (1994) representando duas peças-chave na sua instituição como caso sério para consumo local e, imediatamente, rótulo de exportação de uma nova cool britania que, de facto, cruzou fronteiras. Mas em pouco tempo, e como sucede sempre em tantos outros “movimentos”, não só o mapa estava povoado de nomes menores (que trataram de apanhar o comboio em andamento), como até mesmo alguns dos que tinham ajudado a criar a onda de entusiasmo ora se entregavam a receitas de mais do mesmo, ora pensavam em como sair dali para fora antes de se afundarem com o barco... Os Blur sentiram na pele não apenas o efeito de um combate criado sob uma premissa fictícia, mas com consequências reais (e basta lermos as memórias que escrevem no booklet da presente reedição para verificarmos como lhes deu mais dores de cabeça que alegrias) como da própria atmosfera sufocante em que se terá transformado a dada altura a febre brit pop. Eles mesmos terão uma quota parte de responsabilidade no caso, uma vez que fizeram suceder a Parklife um álbum que em tudo segue linhas e repete soluções. The Great Escape foi, de facto, criado num ambiente em que Parklife era a música de que se falava, a projeção de uma noção de sequela sendo por isso mais que natural num tempo sem espaço para a pausa e a reflexão. Apesar de amplamente aclamado na altura, passados estes anos é talvez o álbum da banda que menos entusiasmo parece revelar, os mesmos modelos de assimilação de heranças pop(ulares) e os olhares críticos sobre o mundo inglês ao seu redor seguindo premissas já ensaiadas, a produção polindo as ideias e puxando o brilho às formas finais... Talvez os cânticos de fundo de Top Man visitem o então esquecido Adam and The Ants, talvez Entertain Me pisque, a momentos, o olho aos The Fall... Mas na essência as canções visitam os mesmos terrenos que Parklife antes percorrera. Há espaço para algumas canções magníficas, como são os casos de Best Days (que nunca foi single, não se sabe porquê) ou The Universal (versão revista da ideia ensaiada em To The End)... Mas pouco mais acontece... Atenção, portanto, ao alinhamento com alguns instantes interessantes no CD de extras, onde encontramos o belíssimo dueto com Françoise Hardy em La Comedie (versão francesa de To The End) ou os temas gravados ao vivo, quer no Budokan (Tóquio) como no estádio Mile End (Londres).