sexta-feira, agosto 24, 2012

Reedições:
Communards, Communards

Communards
"Communards"
Rhino
3 / 5

A saída dos Bronski Beat levou o vocalista Jimmy Sommerville a uma experiência onde, apesar de algumas linhas de continuidade, havia outras ambições no plano musical. Ao mesmo tempo que os antigos parceiros de trabalho transformavam os Bronski Beat (versão 2.0) numa banda de banal repetição de modelos pop sob tempero hi-nrg, Jimmy Sommerville juntava-se a Richard Coles, um pianista com formação clássica, para formar os Communards, com os quais lançou dois álbuns e uma mão cheia de singles entre 1985 e 1988. Antecedido por You Are My World e Disenchanted, dois singles que pareciam fazer pouco mais que versões aveludadas dos modelos pop mais dançáveis que havia experimentado nos Bronski Beat, o álbum de estreia dos Communards mostrou que na verdade havia aqui mais sonhos (polítcos e estéticos) que capacidade em concretizá-los de uma forma tão marcante como o fizera o álbum The Age of Consent (e lá vem de novo o “fantasma” da herança da sua banda anterior). Don’t Leave Me This Way, uma versão de travo hi-nrg de um original de Thelma Houston, em dueto com Sarah Jane Morris deu aos Communards um êxito monumental e ao álbum um público. So Cold The Night usava caminhos plásticos semelhantes, sob cenografia mil e uma noites de tempero exótico... Breadline Britain e Reprise deixavam clara uma voz de intervenção política em claro protesto contra o governo de Thatcher. Mas além do fulgor (ora pop, ora ideológico) destes breves quatro episódios o alinhamento ora navega entre uma pop animada a hi-nrg, aceitável claro, mas sem o viço de um Smalltown Boy ou Why? e baladas dominadas pelo piano de Richard Coles, que se por um lado sugerem curiosos contrastes com a voz em falsete do vocalista, por outro estão longe de revisitar o poder arrebatador de um Ain’t Necessairly So ou Screaming de The Age of Consent (e lá vem a memória dos Bronksi Beat outra vez...). O resultado é um álbum irregular, com momentos inesquecíveis e episódios menores, num registo aos solavancos que seria mais bem resolvido no seguinte, mas na verdade ainda menos consequente Red. A presente reedição tem contudo o mérito de acrescentar ao alinhamento aquilo que de verdadeiramente melhor se escutou com os Communards: os máxi-singles, as remisturas e os lados B dos singles, em alguns dos casos trazendo finalmente para suporte CD gravações até aqui apenas disponíveis em vinil.