Dirty Projectors
“Swing Lo Magellan” Domino Records
4 / 5
“Swing Lo Magellan” Domino Records
4 / 5
Por muito inspirador que um local seja (ou possa ter sido), o certo é que a incessante necessidade de busca de ideias obriga por vezes a mudanças. E Brooklyn (Nova Iorque), que fora casa certa para os Dirty Projectors (e de certa forma neles reconheceu um dos faróis de uma forma de estar na música que caracterizou a história recente de uma das mais visíveis faces do bairro), foi lugar que David Longstreth, a voz principal e timoneiro do grupo deixou para trás, encontrando na paisagem rural do Delaware o “xis” que marca o lugar onde nasceu o novo disco da banda. E a mudança de ares não se esgota na paisagem que o músico via ao abrir a janela, o bucolismo encontrando caminhos rumo ao centro da alma dos Dirty Projectors num disco que, sem perder a intensidade dos anteriores nem mesmo o seu evidente interesse pela experimentação de formas, ferramentas e referências, é aquele em que os Dirty Projectors mais vezes se aproximam do (ocasional) desenho mais simples de uma canção folk (como se escuta no tema que lhe dá título). Não foi por acaso que o próprio David Longstreth lhe chamou, e com todos os jogos de leituras que a expressão permite, um “álbum de canções”... O disco teve cartão de visita no excelente Gun Has No Trigger (cujo teledisco pisca o olho à cultura iPod/iPad e aos modos de nos identificarmos nas redes sociais), canção de arquitetura urbana, formas diretas, minimalistas... O álbum não junta outras onze da mesma colheita, optando antes por reunir um conjunto de composições que vão da paisagem pastoral de um Unto Caeser ou da luminosidade de um The Socialites às formas menos vincadas que herdam genéticas do psicadelismo em Maybe That Was It. Swing Lo Magellan é o passo certo para uma banda que alcançou um considerável patamar de visibilidade e reconhecimento no anterior Bitte Orca (editado em 2009). É talvez o mais “acessível” dos seus discos. Mas em nada cedendo numa visão que, em vez de se fazer “fácil”, caminha antes rumo a uma melhor arrumação de ideias que os levam, a cada disco, a um lugar cada vez mais seu. Afinal os Animal Collective não se “estragaram” quando encontraram o rumo que os levou a Merryweather Post Pavillion... Os Dirty Projectors não estão ainda nesse patamar. Mas o seu percurso recente mostra que estão no bom caminho.