sexta-feira, junho 08, 2012

Reedições:
David Bowie,
The Rise and Fall of Ziggy Stardust and The Spiders From Mars


David Bowie
“The Rise and Fall of Ziggy Stardust and The Spiders From Mars – 40th Anniversary Edition”
EMI Music
5 / 5

Há discos que ganham tamanho peso icónico e acabam representando aquilo pelo qual lhes é reconhecida a importância histórica de tal forma que quase nos esquecemos por vezes de neles reparar que há mais que a ideia central que lhes dá o “rótulo”. O álbum de 1972 de David Bowie é disso um bom exemplo. Com o título completo The Rise and Fall of Ziggy Stardust and The Spiders From Mars, acabou eleito pelo tempo como não apenas um marco de viragem na carreira de Bowie (foi-o, de facto, elevando-o a um patamar de estrelato global), um episódio maior na história dos anos 70 (o que parece ser incontestável) e paradigma de referência do glam rock... E é aqui que a coisa fica algo aquém do tal “rótulo”, na verdade cabendo a Ziggy Stardust uma abertura de horizontes e toda uma convocação de referências bem mais vasta que a que um ano depois se materializa em Aladdin Sane, disco na verdade de pontaria mais afinada em campeonato glam. Ziggy, mesmo assim, indicava esse caminho e lançava (juntamente com discos seus contemporâneos dos T-Rex e Roxy Music) as linhas pelas quais se definiria o movimento. Mas é muito mais. Junta ecos de várias tradições, do melodismo pop ao fulgor elétrico do rock, de ecos dos blues ao elegante trabalho de arranjos de cordas, sem esquecer uma lógica teatral (que na verdade é peça fulcral na construção de uma linha narrativa que une as canções que dão voz à criação de uma personagem: o alienígena que visita a terra com uma mensagem de paz e amor mas acaba consumido pelos seus próprios excessos). Quarenta anos depois celebra-se o ícone. Mas com uma edição que de tão “magra” quase parece coisa menor. Na verdade há havia uma boa edição comemorativa lançada há dez anos com uma mão cheia de extras. Desta vez a novidade surge apenas num DVD que se dá como conteúdo adicional da reedição em vinil (juntando ao álbum em mistura 5.1 algumas misturas inéditas). O CD tem apenas uma barra a indicar o 40 aniversário, limitando-se a apresentar o alinhamento com som remasterizado. Conhenhamos que, para um disco desta dimensão e uma data comemorativa como esta, Ziggy merecia mais. Muito mais.

PS. A classificação refere o valor do disco em si. Esta reedição é contudo de uma pobreza enorme quando comparada com outras que têm surgido recentemente.