segunda-feira, junho 18, 2012

Os outros mundos de David Lynch

Ao mesmo tempo que no Reino Unido é lançada uma caixa com uma série de títulos da obra de David Lynch em Blu-Ray, o filme Dune conhece edição independente (sem legendas) e com uma dose de dieta de extras.

É um dos títulos mais atípicos da obra do realizador (apesar de não deixar de expressar algumas marcas autorais), e também um ovni entre muita da produção de grande orçamento na área da ficção científica. Originalmente estreado em 1984 (e desde logo dividindo opiniões, levantando entre as vozes menos entusiasmadas justificadas críticas ao evidente carácter homofóbico que se expressa na representação do vilão, o Barão Harkonen), Dune não deixa de ser um momento importante na história do cinema de ficção científica.

Dune é a adaptação ao cinema do primeiro volume de uma saga sci-fi criada por Frank Herbert que hoje é reconhecido como um episódio marcante na história da literatura de ficção científica. Coloca em cena uma série de mundos, a exploração exaustiva de uma matéria prima fundamental para as viagens no espaço (disponível apenas num deles), a forma como o poder é exercido bem como as sementes de revolta (com subtexto tanto místico como ecologista) que tudo podem mudar. Quase 30 anos depois o que mais impressiona em Dune é a forma como Lynch visualiza os mundos (secundarizando o aparato tecnológico das civilizações a uma mais direta expressão das suas “almas” coletivas através das formas e cores dos espaços em que vivem) e caracteriza com cuidado as personagens com maior protagonismo (sobretudo a de Paul Atreides, que lhe valeu a descoberta do ator Kyle MacLachlan, com o qual viria a trabalhar depois em Twin Peaks). Como extras, a edição em Bly Ray é algo pobre, não acrescenta pouco mais além de uma série de comentários (devidamente arrumados) com alguns dos protagonistas da equipa técnica e elenco.