Ultravox
“Brilliant” Eden Recordings / EMI Music
2 / 5
“Brilliant” Eden Recordings / EMI Music
2 / 5
Já tanto se disse sobre reuniões de bandas e dos concertos e dos discos que trouxeram em novas vidas que hoje será talvez mais curta a lista de nomes a juntar de novo que a dos que entretanto se reencontraram. Com o ingrediente “nostalgia” entre o topo das explicações possíveis para o fenómeno (outros havendo, sem esquecer os de natureza económica como tão bem se auto-caricaturaram os Sex Pistols na Filthy Lucre Tour), estas reuniões raramente geraram episódios dignos de responder às memórias que cada banda havia antes registado na história da música popular, as digressões de reunião dos Velvet Underground, Bauhaus ou Yazoo sendo das poucas em que, mesmo levantando todos os debates que estes reencontros possam suscitar, geraram episódios dignos em palco e discos ao vivo que não envergonham as suas discografias (se bem que, mais tarde, na hora de resolver fazer novo álbum de inéditos, os Bauhaus tenham assinado o tropeção maior das suas carreiras). E não foram caso único, os novos discos nascidos destas reuniões representando, em muitos casos, alguns dos títulos menos interessantes das obras destas bandas (e basta escutar os “novos” discos gravados por nomes como os Culture Club, os já referidos Bauhaus, Blondie ou Eurythmics para verificar que em nada o que foi voltou a ser). Banda marcante na definição de uma relação com as emergentes electrónicas em finais dos anos 70 e importante presença no panorama pop da primeira metade dos oitentas, os Ultravox já tiveram várias vidas e formações. E depois da cisão que parecia ditar o fim em 1987 contou duas breves formações com dois (inconsequentes) álbuns de originais editados nos anos 90. Cada um seguiu o seu caminho, a Midge Ure (vocalista de 1980 a 87) cabendo o maior protagonismo pós-Ultravox. Há poucos anos a formação que correspondeu ao período em que o cantor escocês deu voz aos Ultravox - e que representa o período de maior sucesso da carreira da banda - juntou-se para regressar aos palcos, focando atenções no álbum de 1981 Rage In Eden (sem dúvida, e juntamente com Vienna e Systems of Romance, este terceiro ainda da formação anterior, um dos seus maiores feitos). O episódio que se segue é Brilliant, um álbum de originais (o primeiro desta formação desde 1986) onde, apesar do reconhecimento imediato das marcas de uma linguagem e de um som, todo o esforço acaba num objeto certamente agradável para os velhos admiradores, mas em tudo incapaz de acrescentar o que quer que seja tanto à carreira dos Ultravox como ao cenário presente. Basta, de facto, escutar os primeiros compassos de cada canção para identificar o registo de guitarras e a presença inequívoca dos registos de sintetizador que caracterizavam precisamente o som dos Ultravox na etapa 1981/82 (entre Rage in Eden e Quartet), afastando do mapa as incursões por terrenos célitcos que se desenharam pontualmente em Lament (1984) e ganharam maior visibilidade em U-Vox (1986). Ao escutar o (muito bem escolhido) single que apresentam no tema-título encontramos aquele que poderia ter sido o caminho para um álbum mais consequente pela forma como aliam essas marcas de identidade com uma presença mais marcante de (mesmo assim discretos) ecos do presente. De resto, Brilliant parece um pouco como uma competente banda tributo de si mesma entregue à criação de canções que, não sendo versões, não deixam na verdade de não ser mais que revisitações de ideias, linhas e formas já por si experimentadas há 30 anos...