Gossip
“A Joyful Noise”
Columbia Records / Sony Music
2 / 5
“A Joyful Noise”
Columbia Records / Sony Music
2 / 5
E eis que chega A Joyful Noise, o álbum dos Gossip que surge um ano depois do promissor EP de estreia a solo de Beth Ditto (ao lado dos Simian Mobile Disco), que foi criado ao mesmo tempo que a vocalista ia, ao que se conta, ouvindo Abba, e que (depois de uma aventura com Rick Rubin) os coloca junto a um elemento da equipa de produção Xenomania... Os argumentos poderiam juntar-se para um daqueles momentos em que algo único poderia acontecer. Mas na verdade, e um pouco como sucedera com o desapontante Music For Men, de 2009, os Gossip acabam por apresentar um disco que, sem ser exatamente um passo em falso (uma vez que alinha com o anterior), parece mais uma oportunidade perdida. O trio conta na sua história com fundações com alma riot grrrl (se bem que sem a postura mais ativista de umas Le Tigre) e um momento de invulgar notoriedade naquele espaço onde o rock’n’roll sabe vestir a roupa para sair à noite e dançar na discoteca, que todos recordamos ao som de Standing On The Edge of Control. E, convenhamos, mal nenhum lhes aconteceria se decidissem um dia avançar por terrenos mais próximos da música de dança (como Beth Ditto fez no seu EP do ano passado) ou por portas pop adentro... O problema de A Joyful Noise é que, além de não saber dar conta da escolha de um rumo, parece por vezes mais preocupado em definir uma agenda de carreira que propriamente uma demanda musical (e basta ouvir Moving in The Right Direction, em campeonato Kylie, filho único neste alinhamento, para sentir que ali se junta mais uma arma com fins de mercado que uma verdadeira crença na “direção” ali sugerida). Tal como parecia desfocada a opção de trabalho com Rick Rubin, a produção de Brian Higgins parece mais trabalho na moldura que na pintura do quadro. O melhor do disco surge quando a banda aceita o patamar de encontro entre uma velha angulosidade mais rock e as vestes electrónicas, como se escuta em Get A Job ou quando cedem lugar a uma mais visível pulsão pop (na verdade frequentemente mais ao jeito de uma Madonna que dos Abba) em Casualties of War ou Get Lost. Já no final do alinhamento procuram reativar ecos de etapas anteriores, opção que baralha mais ainda a personalidade de um álbum que parece uma daquelas saladas que juntam tantos sabores que acabam por nos baralhar o paladar. Uma vez mais há aqui enorme potencial. Mas também muitas opções equivocadas. É pena... (e venha lá novo EP a solo, senhora Ditto, se faz favor)...