terça-feira, junho 19, 2012

Novas edições:
Beach Boys, That's Why God Made The Radio


Beach Boys 
“That’s Why God Made The Radio” 
Capitol / EMI Music
2 / 5




Se é verdade que o melhor da discografia dos Beach Boys não se esgota em Pet Sounds (e basta escutar belos discos como Friends, de 1968, ou Surf’s Up, de 1971 para o reconhecer) o certo é que, a partir de meados dos 70 o grupo nunca mais encontrou uma noção de caminho, e assinou mais tiros ao lado e momentos constrangedores que os que a história da sua obra alguma vez deveria ter conhecido. Nos últimos anos assistimos, sob claro protagonismo de Brian Wilson, a uma série de importantes reencontros com a memória dos Beach Boys, ajustando sobretudo contas com aquela que (a par com o genial Pet Sounds de 1966) se poderá inscrever como uma das suas obras-primas: o “clássico” perdido, Smile, felizmente entretanto reencontrado (primeiro na regravação de Wilson, depois na arrumação e recuperação das sessões da época, que fez nascer em 2011 The Smile Sessions, disco que deu conta de um certo reconhecimento quase unânime e transversal por uma das maiores forças criativas da história da canção popular). Mas viver das memórias não lhes pareceu suficiente. E resolveram juntar-se de novo... E o reencontro do grupo, para uma digressão que assinala os seus 50 anos de vida e a edição de um novo álbum poderia ser mais um passo errado a juntar aos que fizeram a cronologia dos Beach Boys sobretudo nos anos 80 e 90. Se bem que longe dos maiores tropeções da sua discografia (como o disco country de 1996), That’s Why God Make The Radio também não vai acrescentar o que quer que seja à sua obra senão uma valente dose de nostalgia em 12 canções, o grupo jogando à defesa num terreno seguro que transporta ecos de algum do seu trabalho na reta final dos sessentas. Brian Wilson retoma o seu protagonismo histórico e o grupo reencontra a personalidade vocal que desde cedo demarcou o seu espaço. As canções surgem arrumadas em duas faces distintas (como num disco de vinil), as mais festivas no lado A, as baladas no lado B, na reta final do disco morando temas como Pacific Coast Highway ou Summers Gone onde, sem perder todas as características da "alma" Beach Boys, o passar do tempo é vincado de uma forma que expressa a verdade daquilo que hoje são, e não apenas o efeito de contemplação de memórias, como quem faz as pazes ao ver um álbum de velhos retratos, como por vezes sentimos em grande parte do disco. O single, que dá título ao álbum, tem o mérito de não ser uma mera projeção no presente daquilo que foram. Já canções como o desinspirado Spring Vacation ou o amaciado Isn't It Time moram num alinhamento que, somado, tem o caráter inofensivo de uma banda de bar de hotel... E que em nada acrescenta ao que a história deles fez.