quarta-feira, junho 27, 2012

Nos 30 anos de 'Blade Runner'


Estreou a 25 de junho de 1982. Ou seja, faz esta semana 30 anos. Realizado por Ridley Scott, Blade Runner – Perigo Iminente (foi assim que estreou entre nós) parte de um texto histórico de Philip K Dick Do Androids Dream of Electric Sheep – para no fundo refletir sobre o que é, afinal, ser humano... O filme acompanha um agente da polícia (interpretado por Harrison Ford) que opera numa brigada que tem por missão identificar e abater “replicants” (no fundo andróides de aparência igual à de um ser humano, mas criados artificialmente) que tenham saído dos espaços de trabalho a que foram destinados. Na essência da narrativa mora porém uma variação do mesmo sonho que animava Pinóquio: o desejo dessas réplicas de nós mesmos em ser mais que uma máquina (com tempo de ativação e de fim de vida pré-determinados). No fundo, expressando um desejo que é, na verdade, coisa já de si profundamente humana.
O que fez de Blade Runner um clássico maior do cinema de ficção científica não foi apenas o fulgor de uma narrativa (que mostra de facto marcas do melhor da literatura do género) ou os trabalhos de composição das personagens (destacando naturalmente a figura de Deckard trabalhara por Harrison Ford, mas também a do replicant criado por Rutger Hauer). A visão de uma Los Angeles do futuro, coisa sombria, onde os edifícios das corporações que expressam o poder contrastam com o panorama sujo das ruas, onde a tecnologia de ponta convive com soluções artesanais, onde a publicidade (e as próprias ementas dos restaurantes de rua) revela uma expressão dominante da cultura asiática, dotaram o filme de uma visão que sublinha uma credível caracterização de um tempo e um lugar.