quinta-feira, maio 17, 2012

Discos pe(r)didos:
Fluke, Out (In Essence)


Fluke
“Out (In Essence)”
Virgin Records
(1993)

Uma das mais evidentes consequências da revolução que a club culture viveu em finais dos anos 80 foi o surgimento de uma nova geração de bandas que, através dos moldes como as carreiras evoluíam em terreno pop/rock, editando discos e fazendo digressões, levaram a mesma dinâmica para os espaços da música de dança. Na Inglaterra de finais de 80 e inícios dos noventas entram em cena nomes como os 808 State, The Orb, Hypnotone, The Future Sound of London (habitualmente citados como FSOL) ou os Fluke, entre si desenvolvendo um espaço de trabalho que rapidamente conquistou o seu mercado, tanto na agenda de lançamentos discográficos como no mapa dos concertos e até mesmo dos festivais. Os Fluke foram, sobretudo na primeira metade dos anos 90, uma força importante deste movimento. Não apenas pela forma como cruzaram referencias para construir uma nova linguagem (usaram, por exemplo, um sample de um clássico de Joni Mitchell num dos temas-chave do seu álbum de estreia The Techno Rose Of Blighty, de 1991) como pela firme aposta que, tal como os Orb, 808 State ou FSOL, fizeram do espaço do palco uma importante prioridade da sua carreira. E meses antes dos The Orb editarem o seu álbum ao vivo, os Fluke apresentavam em Out (In Essence) um disco gravado durante uma atuação que evidenciava também já um domínio das artes do palco. Herdeiro direto de The Techno Rose Of Blighty (que chega a visitar), Out (In Essence) é um mini-LP que toma contudo o palco apenas como um local de trabalho para a apresentação de novas ideias e não apenas uma mera montra de feitos já celebrados. Animado pela presença do single The Bells (ainda longe de alcançar a visibilidade de um Groovy Feeling, mas já a deixar clara uma intenção de explorar caminhos de ligação entre a canção e as novas linguagens electrónicas que então emergiam na música de dança), Out (In Essence) é um interessante retrato de uma etapa na história dos noventas quando os seguidores dos acontecimentos pop/rock repararam que as electrónicas não eram afinal coisa assim tão alienígena, ilustrando o estabelecimento de bases de trabalho na relação da música de dança com o seu público, as genéticas da canção e, sobretudo, os palcos, que abriram caminho a cenas de capítulos seguintes como as que, por exemplo, fizeram dos Chemical Brothers ou Fatboy Slim importantes peças no mapa mundo da música popular.