quinta-feira, maio 24, 2012

Discos pe(r)didos:
Bronski Beat, The Age Of Consent


Bronski Beat 
“The Age of Consent” 
London Records 
(1984) 

Contemporâneos do momento em que os New Order e os Dead or Alive encontravam pontes de diálogo entre a canção pop e as formas de música de dança e antecessores dos Pet Shop Boys na integração de elementos hi-nrg e heranças do disco num quadro pop, os Bronski Beat são hoje, estranhamente, um nome quase esquecido. Destino injusto para, sobretudo, o álbum de estreia da banda que, editado em 1984, merece morar entre a lista dos grandes momentos pop dos oitentas. E por várias razões. Se ainda hoje os sinais de homofobia cruzam os noticiários e relatos de comportamentos de todos os dias, imaginemos então como seria o cenário em 1984. E quando, em junho desse ano, uma banda nova entra em cena com Smalltown Boy, um single que canta, sob matriz hi-nrg e uma irresistível composição pop, uma história de discriminação e alienação sem medo de chamar as coisas pelos nomes, os Bronski Beat começaram a fazer a diferença. O single que, tal como o sucessor (e igualmente claro na sua agenda temática) Why? Se transformaram em claros êxitos, alcançando posições de destaque nas tabelas de vendas de vários países, fazia do trio britânico um dos “casos” do ano. Cedo ficou todavia claro que a ideia do grupo não se esgotava numa postura ativista, aliando a toda uma marcante ação política uma visão musical que promoveu o que então eram ainda pouco frequentes expressões de visibilidade pop para formas e sons que respiravam sobretudo na cultura da noite. A voz em falsete de Jimmy Sommerville (que dividiu opiniões), o recurso às electrónicas como ferramentas de trabalho, uma produção atenta a uma necessidade de manter vivo o viço das estruturas rítmicas e uma mão cheia de belíssimas canções pop completam os ingredientes de The Age Of Consent. O álbum inclui, além dos dois singles acima citados, uma versão de It Ain’t Necessairly So de Gershwin e uma outra de I Feel Love de Donna Summer, momentos que expandem os horizontes de um alinhamento de vistas largas onde cabem ainda episódios dignos de um reencontro como Need A Man Blues, Heatwave ou o retrato sobre a cultura normalizadora na idade do grande consumo que escutamos em Junk. 28 anos depois, o disco é um caso estranho de silêncio. Perante a multidão de edições e repackages que moram nas agendas de lançamentos, este é um disco ainda à espera de uma revisitação. Chegará nos seus 30 anos, em 2014?... A ver...

E depois do disco 
Tensões internas levaram ao afastamento de Jimmy Sommerville em 1985, que então parte para formar os Communards, partindo depois para uma carreira a solo. Steve Bronski e Larry Steinbachek mantém ativos os Bronksi Beat através de uma sucessão de vocalistas, editando mais dois álbuns e uma mão cheia de singles que em nada repetem nunca o patamar habitado pelo seu álbum de estreia.