sexta-feira, abril 27, 2012

Os Rolling Stones
segundo Eurico Nobre


Em mês dedicado a memórias dos Rolling Stones pedimos a alguns amigos pequenos textos sobre o seu disco preferido desta banda que em 2012 celebra os 50 anos sobre a sua formação. Hoje é a vez de Eurico Nobre, que foi jornalista do DN e da Rádio Energia e hoje trabalha em publicidade, nos apresentar a sua escolha. E escolheu A Bigger Bang.

Os Rolling Stones são uma das poucas bandas das quais faço questão de ter e manter a discografia completa e actualizada, o que inclui algumas raridades ou edições menos convencionais. Não tenho uma canção favorita, tantas são as que dão forma à minha lista de eleitas. Muito menos um álbum: são vários os que, por diferentes razões, me merecem uma atenção especial. A Bigger Bang é, também por isso, escolha fácil: não há amor como o último. Acontece que o mais recente disco é também absolutamente extraordinário. Por duas razões principais. Antes de mais porque inesperado: editado em 2005, deixando a sete anos de distância o anterior álbum de originais Bridges to Babylon, surge numa altura em que o ritmo de produção nada mais anteciparia que outro “best of” ou, quanto muito, um novo registo ao vivo. Depois porque é absolutamente descomprometido. A Bigger Bang é como que uma homenagem dos Stones aos próprios, a prova de quem nada nada tem a provar e, também por isso, se deixa contaminar pela alegria e gozo dos primeiros dias: bastam segundos de Rough Justice para o feitiço se fazer sentir, revelando, logo na abertura, os Stones na sua melhor forma. Uma energia e garra que, ao longo de boa parte das duas décadas anteriores, se foram observando sobretudo em palco. A estreia em estúdio neste século pode bem ter feito do último disco de originais… o derradeiro. Também por isso é especial.